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quarta-feira, 21 de abril de 2010

O risco traz riscos

A Bolsa de Valores de Lisboa apurou em sessão especial os resultados da subscrição do empréstimo obrigacionista de 40 milhões de Euros da SAD do Benfica. A procura excedeu em mais do dobro as obrigações emitidas, o que equivale a dizer que houve pedidos para subscrever mais de 80 milhões de Euros. O juro alto de 6% é certamente a principal razão que explica esta corrida a estes títulos.


No entanto, não vale a pena vendermos a ilusão de que esta procura elevada é uma vitória da SAD ou da sua gestão. Não. O dado essencial mantém-se: a SAD está a contrair uma dívida de 40 milhões que terá de pagar em 2013 acrescida de juros de 6%. Este é o dado relevante da operação, e é a partir daqui que devem ser feitas as análises do impacto desta medida no futuro do Benfica.


Em primeiro lugar, estes 40 milhões destinam-se a pagar um outro empréstimo que o Benfica contraiu e que vence por esta altura (no valor de 20 milhões). Ou seja, o Benfica não criou entretanto condições para o pagar, pelo que teve de se endividar para poder pagar a sua dívida. Confusos? Há mais. O Benfica não só se endivida para pagar um empréstimo antigo, como duplica o valor do empréstimo de então. Para onde vai o resto do dinheiro, podem perguntar? Necessariamente para gastos operacionais correntes, papel já desempenhado pelo empréstimo anterior. Ou seja, neste tempo o Benfica não criou nem condições para pagar as suas dívidas, nem para passar a ser auto-suficiente financeiramente.


Este risco traz um outro risco de que ninguém fala, mas que se perspectiva. Segundo Luís Filipe Vieira e Domingos Soares de Oliveira, este novo empréstimo será pago em 2013 com a renegociação de contratos que o Benfica fará entretanto. O que implica que nessa altura, pela via da renovação de contratos, o Benfica fique com muito dinheiro em caixa para poder saldar as suas dívidas. Quando é que houve uma situação semelhante do Benfica precisar rapidamente de muito dinheiro em caixa para acorrer às dívidas? Exactamente, em 2002, quando negociou à pressa o contrato dos direitos televisivos com a Olivedesportos, com garantia desta que pagaria adiantado para que o Benfica pudesse acorrer aos seus problemas.


A negociação dos direitos de TV e de outros está fortemente condicionada pelo conhecimento público que existe cada vez mais sobre a frágil situação das finanças do Benfica. O facto é que o Benfica em 2013 estará a precisar como de pão para a boca de encaixes avultados, urgência essa que é paga. Ou seja, o Benfica pode ser obrigado a abdicar de um contrato melhor em troca de outro que venha acompanhado de dinheiro vivo pago no momento. Tal e qual como em 2002.


Se era possível fazer a super equipa deste ano sem recorrer a estes truques de alavancagem que nos colocam na difícil situação que vamos enfrentar em 2013? Talvez não, mas de uma coisa eu estou certo: com competência, não seria preciso ter gasto tanto dinheiro para estarmos neste exacto patamar onde estamos hoje. Tem-se gasto demais, existe um plantel excessivamente grande e gastos operacionais correntes completamente desadequados à realidade do Benfica. Este é o problema, e esta avalanche de endividamento (a que se pode juntar o fundo de jogadores, uma espécie de empréstimo com juro a rondar os 20/25%) poderá culminar em 2013 com a negociação demasiado condicionada dos tais contratos a que o presidente alude.

5 comentários:

Esperemos que haja bom senso...

pagar dividas, endividando-se, esperando pelo ovo no cu da galinha.
Resta esperar que o ovo seja dourado, e tudo corra bem!

Mas que grande treta que para aqui vai,vocês são tão inteligentes que é uma pena andarem aqui a perderem-se,com vocês no governo Portugal saía da crise.Deixem a direcção em paz que eles sabem muito bem o que andam a fazer!!!!

Acho de facto interessante virem aqui comparar a situação do benfica em 2002, em que não tinhamos nada alem de um estadio para reformar, com a situação de hoje, com estadio pavilhões caixa campus, btv e uma grande equipa! quando esta direção (ou outra liderada por Vilarinho) chegou ao benfica nem dinheiro para pagar a luz havia, daí a urgencia a (re)negociar os contratos.são duas situações bastante distintas

As tempestades por que passámos não nos devem toldar a visão. Senão é meio caminho andado para voltarmos a cair nelas..

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