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terça-feira, 5 de novembro de 2013

Olympiakos v Benfica: a redenção de Messias e uma questão de filosofia

FOTO:ULTRAS.GR

Quando um desmoralizado Messias salvou a filosofia de Hagan por um dia. Não perca, esta terça-feira às 19:45, o Olympiakos v Benfica da quarta jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões.

Talvez seja apenas a mente humana a criar paralelismos onde eles não existem; paralelismos daqueles que nos forçam a criar ligações entre tempos separados por décadas, mas é difícil olhar para o Benfica do início de temporada de 1973 e não ver um pouco do Benfica de 2013. Claro que eram outros tempos; desde logo, tempos em que o Benfica era não só campeão mas tri-campeão, e também tempos onde comparar uma personalidade do futebol a um soldado não ofendia a honra nacional (até porque Jimmy Hagan serviu mesmo no exército inglês durante a II Grande Guerra). Mas dizia eu que o Benfica de 2013 tinha um pouco do Benfica de 1973, mais que não seja porque ambos os conjuntos demoravam a revelar a capacidade demonstrada na temporada imediatamente anterior, ou porque os resultados não eram os esperados, ou porque o treinador era fortemente contestado, ou porque um jogador mais «mal-amado» era assobiado em pleno jogo.

Foi nestas circunstâncias (nada fáceis, diga-se) que o Benfica se preparou para receber o campeão grego Olympiakos na primeira ronda da Taça dos Campeões. O começo da época benfiquista não estava a correr da melhor maneira (derrota com o Boavista e vitória frente ao Leixões nos ensaios gerais para a europa), mas não obstante o periclitante início a expectativa entre os adeptos encarnados era a de uma noite de gala frente aos gregos. Pois se tantas vezes antes tinha acontecido maus ensaios resultarem em noites europeias galopantes, porque razão haveria de ser diferente desta vez? Um desconfiado Malta da Silva falava mesmo «em fazer todos os possíveis para obter uns cinco ou seis golos de vantagem», mas um desejo não passa disso mesmo e os gregos também vinham à Luz jogar à bola.

Apesar do jogo ter sido bastante aziago para Malta da Silva – para além da sua expectativa se ter gorado ainda se aleijou tendo de ser substituído -, a supremacia técnica dos jogadores benfiquistas nunca esteve em causa apesar de vários calafrios causados pelos gregos. A estratégia benfiquista de bombear bolas para  cima da baliza grega («pelo ar, pelo ar» gritava Jimmy Hagan) iam sendo contrabalançadas com rápidos contra-ataques helénicos, tendo um deles terminado  mesmo num remate certeiro mas claramente ilegal (fora de jogo). Toni e Simões bem tentavam, mas a barreira helénica de nove homens em torno da baliza de Kelesidis tornavam infrutíferas as variadas tentativas «encarnadas». Com Jordão desaparecido e Eusébio preso numaa  marcação impiedosa de três jogadores contrários (terá sido aqui que nasceu a expressão «vai atrás dele até à casa de banho?») o intervalo chegou com um nulo que agradava a gregos mas não a troianos (leia-se portugueses).

Sem a alegria do golo (que tardava), a frustração alastrava pelas bancadas. «Cadê Jordão? Onde está Eusébio? Para quem os centros a primor de Nené? (Artur Jorge apenas assistia da bancada)». O Benfica insistia na filosofia de Hagan por entre mais calafrios gregos – outro golo anulado, uma bola ao ferro e José Henrique a voar de poste a poste – até que após a enésima bola chutada para cima da baliza de Kelesidis lá apareceu um anjo salvador a dizer que sim a Jimmy Hagan e a abrir importante brecha no coração do Olimpo. Golo do Benfica e de um mal-amado Messias, que já depois de assobiado pelo público logo nos primeiros instantes da partida (com Humberto a pedir calma às bancadas «num gesto que define um carácter») teve a sua redenção ao assinar o golo da vitória encarnada. É verdade, mesmo com o acentuar da pressão dos da casa o resultado não se alterou até final e um pouco convincente Benfica levava mesmo para o Pireu um quinto da vantagem desejada. Ninguém estranhou, pois, quando os gregos festejaram intensamente o apito final, relembrando (ou talvez esquecendo) que ainda faltavam noventa minutos.

No segundo jogo em Atenas tudo foi diferente menos o resultado. O inglês que dizia «que tirava da equipa quem não chutasse bolas para cima da baliza» já não ditava as ordens (tinha-se demitido das suas funções após um célebre episódio decorrido nos «bastidores» da festa de homenagem a Eusébio) e um Benfica comandado por um interino Fernando Cabrita deslumbrou as gentes do Pireu com um futebol de passes curtos, acelerações rápidas, desmarcações e bolinha no chão. Uma vitória «à portuguesa», como diria o treinador no final.

Depois de um quarto de hora inicial em que os gregos atacaram a bom atacar, valendo-se o Benfica da resistência de um quarteto defensivo composto por Malta da Silva, Messias, Humberto e Adolfo, a turma encarnada apoderou-se da bola para não mais a largar durante a primeira metade. Aos 29 minutos uma combinação perfeita entre Malta da Silva e Toni resultou num primeiro remate de Eusébio, tendo na continuação aparecido Nené, após um ressalto, a rematar colocado para o fundo da baliza. Silêncio sepulcral no Estádio do Pireu e vantagem «encarnada» que se revelaria decisiva. Com o correr do relógio, e já depois do intervalo, o Olympiakos acercava-se cada vez mais da baliza de José Henrique (sem grande perigo), mas era o Benfica que controlava verdadeiramente a partida. Nené só não fez o segundo golo porque primeiro o árbitro não quis ver que «a bola esteve lá dentro uns bons palmos» após ser cabeceada certeiramente na resposta a cruzamento de Toni; e depois porque falhou de forma incrível a dois metros da linha de golo uma brilhante jogada de Toni pela direita, já muito perto do final do jogo.

Não houve tempo para mais e para a história (e essa é que interessa) ficou uma grande vitória do Benfica no Pireu (única até hoje) e a continuação na Taça dos Campeões Europeus, numa eliminatória em que o estilo de jogo português, tido como «habilidoso, malandro e com genica», se sobrepôs na mente de todos ao estilo de jogo inglês (de Jimmy Hagan) baseado na filosofia dos «mais altos e mais fortes». No final, e apesar do triunfo, o tema de conversa era o novo treinador: Miljan Miljanic (do Estrela Vermelha) era o preferido, enquanto Max Merkel (campeão pelo Atlético de Madrid) e Frank O’Farrel (ex-Manchester United) constavam também no topo da lista de candidatos. Nenhum deles chegaria porém, e seria mesmo Fernando Cabrita a ser eliminado pelo Ujpest na ronda seguinte da Taça dos Campeões e a levar a equipa a um segundo lugar  no campeonato nacional.

Texto baseado e adaptado das edições do Diário de Lisboa dos dias 19/09/1973, 20/09/1973 e 04/10/1973.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Académica v Benfica: estrelas cadentes e um regresso


Eusébio, Simões e José Augusto «acabados», no regresso de Toni à casa que o projectou no mundo da bola. Não perca, esta sexta-feira a partir das 20:30, o Académica v Benfica da nona jornada do campeonato nacional.

Enquanto em Manchester se digeria ainda o anúncio da retirada de Sir Matt Busby como treinador do campeão europeu de futebol Manchester United e o seu substituo continuava por escolher, em Lisboa o Benfica (finalista vencido da principal prova europeia de clubes) preparava-se para mais uma jornada do campeonato nacional da primeira divisão, competição que liderava apesar do menor brilho aparente de Eusébio, Simões e José Augusto, quais estrelas cadentes no firmamento encarnado.

Estávamos – adivinharam – em 1969 e o líder Benfica deslocava-se até ao centro do país para defrontar uma briosa Académica que aguardava o confronto com o campeão com a confiança de quem saíra das Antas há apenas uma semana com uma contundente vitória. Da comitiva encarnada que seguiu para Coimbra fazia parte um jovem para quem o jogo tinha um sentimento especial; António Oliveira - o Toni -, contratado à Académica no início da temporada, regressava a Coimbra pela primeira vez para jogar contra a sua antiga equipa depois de já a ter defrontado – e derrotado por 3-2 – no Estádio da Luz na primeira volta.

Era grande a expectativa em redor do jogo. A Associação Académica de Coimbra, que contava com jogadores como Quinito, Alhinho e Rui Rodrigues, vinha de uma bonita vitória frente ao FCPorto bem alicerçada no seu futebol habilidoso e apoiado, enquanto no Benfica nem a liderança da prova conseguia disfarçar uma muito badalada «crise encarnada» associada à fraca produção atacante de Eusébio (mas não só). O ataque encarnado produzira até ali muito menos que em épocas anteriores, mas no jogo de Coimbra as estrelas da companhia deram resposta a quem os considerava acabados com uma exibição «à antiga». É certo que a vitória se ficou por uns escassos «dois-a-zero», mas a categoria dos jogadores benfiquistas ficou bem vincada em campo.

Muito arrumado na defesa (Humberto e Cruz) e no meio-campo (Jacinto), o Benfica cedo se lançou no ataque sob a batuta de Simões e José Augusto, sempre rápidos e sagazes no levar da equipa até à área contrária. Com períodos de domínio repartido, o jogo chegou ao intervalo com uma igualdade sem golos, amarga injustiça para a turma encarnada pois só Eusébio perdera durante a primeira metade três magníficas situações para marcar, a primeira delas superiormente defendida por Viegas e as restantes duas por desafinações na pontaria do «pantera negra».

Foi apenas no segundo tempo que os campeões alcançaram um triunfo que se devia ter desenhado mais cedo, carregando no acelerador e lançando-se à conquista das redes coimbrãs. Ainda antes do primeiro golo, o pânico instalou-se constantemente entre a defesa estudantil com o dinamismo e a facilidade de remate das peças encarnadas a levarem a vários lances ameaçadores. Seria Eusébio o primeiro a desfeitear Viegas (aos 68 minutos); e também o segundo (agora aos 83), significando este último golo um golpe fatal nas dúvidas que ainda subsistiam quanto ao desfecho do jogo. Foi um triunfo encarnado muito mais fácil do que se poderia pensar, numa tarde em que Eusébio e seus pares se reencontraram com as boas exibições.

Toni teve o seu regresso coroado com uma vitória, mas sem a pujança de jogos anteriores tendo passado discreto pelo jogo e sendo até substituído por Nené no segundo tempo. A Académica, com um bom Manuel António na frente de ataque – grande disparo à trave perante um impotente José Henrique –, ficou-se pelas intenções (teria ainda a oportunidade de se desforrar numa final da taça para a história) depois de toda a expectativa criada com o seu triunfo na jornada anterior. Logo à noite perante uma outra Académica, curiosamente também ela vinda de uma inesperada vitória a norte, espera-se semelhante desfecho. 

TEXTO BASEADO E ADAPTADO DA EDIÇÃO DO DIÁRIO DE LISBOA DO DIA 31/03/1969.

domingo, 27 de outubro de 2013

Benfica v Nacional: de tosco nem centelha


A tarde em que a expressão «alto e tosco» perdeu o seu significado. Não perca, este domingo pelas 17:15 horas, o Benfica v Nacional da 8ª jornada do campeonato nacional da primeira divisão.

«Prémio Nobel da execução […] genial lance que proporcionou o golo […] Fintas, simulações, dribles e entrega perfeita ao companheiro». Esfrega os olhos e volta à realidade. Não sabe bem de onde veio, ou de que tempo veio, mas um conjunto de frases soltas estão em ricochete constante na sua memória. É isso: tarde amena de futebol na Luz, uma entre tantas outras, vitória escassa mas segura com um lance genial a originar o único golo da tarde. Mas lance genial de quem? Do Benfica, pois claro, mas protagonizado por quem? Não consegue lembrar-se. Concentra-se, faz mais um esforço, mas nada.

Por esta altura está o leitor também a puxar pela memória, mas sem mais pistas é difícil acercar-se da resposta. Que raio de maneira de começar um texto. Pois então vamos lá: 1989 foi o ano, Nacional da Madeira o adversário. 1989… Lance de génio… (já sei, já sei) … Valdo de certeza; ou então Paneira, só pode! Parece óbvio, não parece? Mas não é. Naquela tarde de futebol na Luz, o verdadeiro protagonista foi um nórdico, alto e loiro nascido 26 anos antes em Helsingborg, Suécia. Mats Magnusson, pois claro.

Num Abril que recebera a Primavera de braços abertos, o Sport Lisboa e Benfica defrontava então o Nacional da Madeira em mais uma jornada do nacional da 1ª divisão, tentando manter o status quo do campeonato, isto é, a vantagem de seis pontos que detinha sobre o segundo classificado. E assim aconteceu. Duas vitórias pela margem mínima (do Benfica na Luz e do FCPorto em Chaves) deixavam tudo na mesma na frente da tabela, mantendo os encarnados um inquestionável favoritismo (depois confirmado) nas contas do título.

Os nacionalistas, orientados por Paulo Autuori, foram a jogo apostados em dificultar a vida ao provável campeão e a verdade é que a muralha erguida em frente da baliza madeirense (guardião Gilmar incluído) apenas foi completamente ultrapassada vez. A estratégia era simples: Tito e Ladeira mantinham Magnusson e Vata sob vigilância apertada; as pedras do sector intermediário emperravam Ademir, Valdo e Paneira; o jogo ofensivo encarnado ressentia-se. Por um lado até resultou, mas por outro o Benfica foi sempre a equipa que melhor qualidade de jogo apresentou em campo e Magnusson estava em tarde de gala como provou ao minuto 26. Numa jogada plena de tecnicismo, o sueco sacou de toda a sua genialidade e assistiu Vata para o golo, provando perante uma plateia entusiástica que de tosco não tinha nem um bocadinho. Grande jogada do sueco e 1-0 para o Benfica!

Com o momento do jogo ultrapassado e o título de melhor em campo atribuído a Magnusson (que ainda teve tempo de juntar ao lance do golo uma mão cheia de jogadas da mais requintada nota artística), restou deixar passar o tempo e confirmar menções honrosas para as exibições de Samuel (impecável ao lado de Ricardo) e Valdo (a classe do costume). Do lado do Nacional, merecido destaque para a notável exibição do seguríssimo Gilmar (o principal responsável pelo magro 1-0) e para um tal Dino Furacão que, sem que ninguém o soubesse, deixava um pré-aviso aos Benfiquistas para aquilo que faria anos depois no velhinho Mário Duarte num malfadado jogo que (contas feitas) roubou ao Benfica mais um título de campeão. Mas essa tarde em Aveiro o melhor mesmo é não recordar.

TEXTO BASEADO E ADAPTADO DA EDIÇÃO DO DIÁRIO DE LISBOA DO DIA 17/04/1989.

sábado, 5 de outubro de 2013

Estoril v Benfica: a primeira deslocação ao campo da Amoreira


Quando o Benfica se estreou na Amoreira com uma vitória. Não perca, este domingo às 20:15, o Estoril v Benfica em mais uma jornada do campeonato nacional.

Outubro de 1944. Enquanto a guerra ecoava lá longe e os aliados conseguiam importantes avanços sobre as forças alemãs, em Portugal um domingo de outono era sinónimo de folhas amarelecidas e castanhas assadas, mas também de futebol. Em mais uma jornada do Campeonato de Lisboa, o Benfica do húngaro János Biri deslocava-se ao campo da Amoreira para defrontar um Estoril-Praia que pela primeira vez militava na divisão maior do campeonato regional da capital.

Esperava-se um obstáculo difícil de ultrapassar para a equipa de encarnado vestida, mas feitas as contas o Benfica venceu com relativa facilidade numa tarde em que o vento foi o principal adversário de duas equipas que queriam jogar bem e não conseguiam. E se alguém mereceu uma estatueta dourada por ter tentado fazê-lo afincadamente desde início, esse alguém foi o pequeno e irrequieto Pires, o grande inspirador do triunfo benfiquista. O pontapé de saída pertenceu, assim, ao Benfica e nem meio minuto após o jogo se ter iniciado já a bola entrava redonda na baliza de Valongo. Ataque encarnado pela esquerda e imediatamente golo para surpresa de todos, obra de Pires, claro está. Inspirados pela vantagem, os jogadores encarnados continuaram a carregar no ataque e ao minuto cinco apareceu mais um golo, o segundo da conta benfiquista. Foi mais uma vez Pires que, solicitado por Julinho, logrou meter a bola no fundo daquele rectângulo ao fundo do campo, contando desta vez com a ajuda de Éolo. Os deuses eram encarnados. 

Dois golos em cinco minutos, mas não se julgue que ficamos por aqui. Recomeçada a partida, o Estoril teve o seu melhor período em todo jogo e conseguiu mesmo reduzir. Raúl Silva passou por César Ferreira e Moreira, meteu a bola na frente, e Lourenço, «acorrendo lesto», fez o golo perante um impotente Martins. 1-2 no placard e jogo relançado. Ou talvez não. O Benfica voltou imediatamente ao ataque com Julinho a comandar as tropas e a solicitar, de cabeça, Teixeira para este fazer um grande golo. O relógio marcava na altura apenas onze minutos e estava feito o resultado final sem que, no entanto, ninguém o soubesse. Referida esta informação, torna-se quase inútil o resto da prosa mas continuemos. O tempo que faltava até ao fim da primeira parte, o Benfica jogou-o todo no meio-campo estorilista, com Francisco Ferreira, Julinho e Rogério sempre em evidência vendo os seus remates serem parados à vez pelo poste, pelo guardião Valongo e pela sua falta de pontaria.

No segundo tempo, aguardava-se a reacção do Estoril-Praia mas ela não chegou a aparecer. O jogo foi mais dividido, é certo, mas mesmo com o vento a varrer o campo na direcção da baliza de Martins, a procura de oportunidades de golo por parte dos estorilistas foi muito superior à oferta, e como o Benfica não carregou tanto no ataque, tudo ficou como estava. E se me permitem, ficou bem. Ganhou o Benfica logo no começo porque era melhor e assim tinha de ser. Terminado o campeonato, os comandados de János Biri veriam o rival Sporting festejar a conquista do Campeonato de Lisboa com dois pontos à maior, mas os papéis inverter-se-iam no final da época e aí seria o Benfica a festejar a conquista do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, por sinal o sexto título da sua já então bonita história.

TEXTO BASEADO E ADAPTADO DA EDIÇÃO DO DIÁRIO DE LISBOA DO DIA 23/10/1944

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Inqualificável


sábado, 21 de setembro de 2013

V. Guimarães v Benfica: Hattrick de Eusébio no assalto ao «castelo»

O «caso» Simões e um golo sensacional de Eusébio. Não perca, este domingo a partir das 18 horas, o V. Guimarães v Benfica da 5ª jornada do Campeonato Nacional.

Jorge Jesus tem razão quando refere que as visitas do Benfica a Guimarães são tradicionalmente complicadas. Quando no início de 1968 o campeão se deslocou à cidade berço para mais uma jornada do campeonato português já as crónicas da altura - como as de hoje - apontavam o jogo com o Vitória minhoto «como um cutelo carregado de ameaças sobre as aspirações benfiquistas». Porque a boa equipa Vimaranense, que na época seguinte obteria a sua melhor classificação de sempre no campeonato nacional (3º lugar), para além de já ter vencido no seu reduto as boas equipas do FCPorto e da Académica, perdera na primeira volta na Luz por apenas um golo, criando grandes dificuldades a uma equipa do Benfica que no final do ano disputaria a sua quinta final da Taça dos Campeões Europeus. Somando a tudo isto a indisfarçável agitação no futebol encarnado provocada pelo «caso» Simões – já lá vamos -, estavam reunidos os ingredientes para que o Vitória de Guimarães v Benfica fosse o grande acontecimento daquele primeiro fim de semana de Fevereiro.

Tendo isto em conta, certamente ninguém esperaria uma goleada benfiquista mas esqueciam-se tais mentes pensantes que as circunstâncias eram favoráveis às pretensões encarnadas e, claro está, uma goleada foi precisamente aquilo que veio a suceder. À evidente categoria dos jogadores benfiquistas juntava-se a ausência de três figuras proeminentes na equipa minhota – o esteio da defesa Joaquim Jorge, o guardião Roldão e o avançado Mendes -, facto que significou um rude golpe nas suas pretensões. Sem mais suspense afirme-se desde já que a vitória benfiquista se alicerçou em quatro golos sem resposta, feito que só viria a ser igualado no virar do século e por duas vezes, repetindo-se em 2001 (João Tomás!) e 2013 a «chuva» de golos daquela fria tarde de Inverno.

No que se refere ao jogo, Eusébio foi «rei» no assalto ao «castelo» de Guimarães. Três golos marcou ele ao pobre Giesteira, guarda-redes que substituiu o absoluto Roldão. Apesar de tudo, a partida iniciou-se com o grupo minhoto ao ataque, retumbante e veloz, com José Henrique a brilhar logo nos primeiros cinco minutos respondendo a um remate de Augusto com uma defesa extraordinária. Estes cinco minutos, porém, foram todo o tempo que a entusiástica investida minhota durou. Na primeira vez que Torres e seus pares pisaram a área contrária, o Benfica fez um golo. Giesteira errou e Eusébio, «em doce liberdade» (grande drible à censura!), parou no peito e não perdoou. Apesar de não reflectir a produção das duas equipas até ali, a alegria do golo teve o condão de libertar a máquina benfiquista para uma partida que se revelou fácil e tranquila. Explorando a insegurança da defesa vimaranense, os jogadores encarnados solicitavam constantemente os seus dianteiros mais rápidos e Jaime Graça esteve muito perto de marcar, mas de ambas as vezes falhou isolado perante Giesteira. Entre estes dois lances, surgiu com naturalidade o segundo golo encarnado. Torres rematou sem preparação uma bola cabeceada por José Augusto e esta só parou no fundo das redes. Estava feito o segundo, mas o melhor estava ainda para vir. Dos pés de Eusébio, naturalmente. Partindo praticamente de meio-campo, o moçambicano arrancou no início da segunda parte para uma jogada sensacional, deixando vários adversários para trás e terminando com um fulminante disparo com o pé esquerdo. Três a zero para o Benfica num momento fantástico do «Rei». Daqui em diante, os encarnados soltaram em campo todo o seu talento e os lances iminentes de golo sucederam-se com impressionante frequência e facilidade. Eusébio completou o seu hattrick já no final da partida numa boa jogada colectiva em que a bola circulou de pé para pé desde o meio-campo até ao disparo final do pantera negra nas imediações da área. O Benfica mantinha assim os mesmos 23 pontos que o Sporting no topo do «Nacional» da 1ª Divisão (seria campeão) e Eusébio cimentava a sua liderança na lista dos melhores marcadores com 16 golos em 14 jogos, mais dois que Ernesto e mais três que Artur Jorge, ambos da Académica.

E o «caso» Simões? Ah sim, é verdade. A actualidade benfiquista de então era dominada pelo diferendo entre Simões e o Benfica, tendo este endereçado à direcção do clube um pedido de rescisão contratual por falta de pagamento de uma «prestação» prevista em contrato. Era assim: no contrato que ligava Simões ao Benfica, assinado a 2 de Agosto de 1965, estava previsto que as suas «luvas» anuais seriam de duzentos e cinquenta contos e seriam pagas em quatro prestações nos meses de Setembro, Dezembro, Março e Junho. Ora o Benfica não tinha pago os sessenta e dois mil e quinhentos escudos do mês de Dezembro (estávamos em Fevereiro) e Simões fez valer os seus direitos causando agitação no clube. O Benfica encarava o assunto «sem grandes apreensões» e entretanto tudo acabou por se resolver. Simões jogaria em Guimarães naquela agitada semana e jogaria muitas mais vezes pelo Benfica até 1975, ano em que terminaria catorze anos de ligação ao clube para se dedicar ao soccer nos States.

TEXTO BASEADO E ADAPTADO DA EDIÇÃO DO DIÁRIO DE LISBOA DO DIA 05/02/1968.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Benfica v Anderlecht: a estreia do treinador Toni nas provas da UEFA


Um famoso jantar em Bruxelas e a estreia europeia do treinador principal Toni. Não perca, esta terça-feira pelas 19:45, a partida entre o Benfica e o Anderlecht a contar para a fase de grupos da Liga dos Campeões.

A brisa soprava forte naquela gélida noite na capital belga. Era princípio de Fevereiro e junto à Grand Place um homem vestido com um sobretudo negro acenava a um táxi que passava. Entrou rapidamente protegendo-se da chuva que se abatia sem piedade sobre a calçada, deu o nome do restaurante ao taxista e dirigiu os seus pensamentos para aquilo a que dedicou toda a sua vida: o Sport Lisboa e Benfica. No restaurante, o seu interlocutor já o esperava para um «um jantar de bons amigos» em que o futebol seria o principal tema de conversa.

Quando Toni e Goethals apertaram a mão antes do início do primeiro embate entre Benfica e Anderlecht nos quartos-de-final da Taça dos Campeões Europeus sorriram ao recordar aquele jantar em Bruxelas. Na altura do encontro entre os dois, o ex-técnico do V. Guimarães e dos Diables Rouges estava longe de pensar que seria treinador do Anderlecht poucos dias depois, substituindo Georges Leekens no comando da histórica equipa belga: «Se Toni soubesse que eu viria a ser técnico do Anderlecht teria sem dúvida ficado calado ao jantar», disse um lacónico "Raymond-la-Science" na antevisão da partida. Teria Toni, sem querer, aberto demasiado o jogo?

Talvez; a verdade é que o início da partida no Estádio da Luz não deixou margem para quaisquer veleidades em relação à curiosidade que envolveu os dois treinadores antes do apito inicial. Em 30 minutos iniciais absolutamente fascinantes o Benfica sufocou e intimidou um cotado Anderlecht sob a batuta do brasileiro Elzo, permanentemente em acção no solicitar do «jogo de linha» dos serpenteantes Chiquinho e Pacheco. Com tal caudal ofensivo, o ceder da muralha belga seria apenas uma questão de tempo e assim aconteceu; primeiro foi Magnusson, vindo das alturas, a dizer «sim» a um cruzamento de Pacheco e, logo de seguida, em cópia quase perfeita mas do lado contrário, foi Chiquinho a responder de forma repentina a um centro de Rui Águas. Em três minutos o Benfica fazia dois golos e conquistava uma vantagem importante na estreia europeia do agora treinador principal Toni, uma vez que o resultado iria permanecer assim até ao final, graças a um impecável Silvino e não obstante os esforços do «tall guy» Magnusson e do comandante Diamantino.

No «parlamento do futebol», com dois golos de vantagem na bagagem, os Benfiquistas tiveram a confirmação de um Benfica para a Europa, slogan de campanha do Presidente João Santos. É certo que o Benfica sofreu durante todo o jogo. É certo que o Benfica perdeu mercê de um golo de Gudjohnsen na marcação de um livre directo que puniu uma intervenção de Silvino com as mãos já fora da grande área. É certo que naquela noite foi maior o empenho e a determinação do que o acerto a trocar a redondinha. É certo que a chapelada de Diamantino pouco antes do golo belga merecia melhor sorte. Mas também é certo que a derrota por um-zero teve o paladar de uma saborosa vitória. No final do jogo, dezenas de bandeiras encarnadas erguiam-se ao alto no bonito anfiteatro belga onde entre os trinta e oito mil espectadores, os benfiquistas faziam a festa ao som de Benfica! Benfica! Benfica! Estava vingada a final da Taça UEFA de 1983, mas este Benfica queria mais e só pararia na final de Estugarda onde apenas Van Breukelen travaria a coragem e o sonho do capitão Veloso.

TEXTO BASEADO E ADAPTADO DAS EDIÇÕES DO DIÁRIO DE LISBOA DOS DIAS 03/03/1988 e 17/03/1988.




domingo, 1 de setembro de 2013

Chama Gloriosa Chalkboard: Erros importantes no golo do Sporting mas nenhum de Luisão

FOTO: MAIS FUTEBOL

Como quase sempre, no futebol as aparências iludem mesmo. Ontem, após o golo de Montero, poucos foram os que não culparam imediatamente Luisão por não acompanhar o movimento do colombiano. Parece algo óbvio, é o jogador que está mais perto, mas o futebol é muito mais complexo e subtil do que parece.

Existem, na minha perspectiva, três erros importantes no lance mas nenhum de Luisão. A saber: primeiro,Enzo Pérez não ajusta a sua posição ocupando o espaço entre linhas e deixando a linha defensiva exposta a um eventual passe para essa zona (recupera a passo); depois Matic deixa de acompanhar o movimento de André Martins entre central e lateral quando se impunha que o fizesse até ao limite do fora de jogo; por fim, Maxi fica completamente fora da jogada ao antecipar um passe para Wilson Eduardo que não acontece (má leitura de jogo e excessiva referência individual + reacção a passo) e é para a sua zona que Montero se esgueira para fazer o golo.

Voltando a Luisão, não existe nenhum erro evidente na sua acção. Apesar de surpreendido pelo apoio frontal de Montero, o brasileiro vai respondendo sempre bem ajustando a sua posição de forma correcta. Recorde-se que a primeira prioridade numa situação defensiva é manter o contacto visual com a bola, seguida de respeitar o posicionamento do colega (no caso Garay) e só depois preocupar-se com o adversário; ainda para mais, nesta situação específica Montero ataca uma zona de finalização que deveria estar ocupada pelo lateral do lado oposto. Assim que a bola sai do pé de André Martins a única coisa que Luisão pode fazer é ter fé: em Artur ou numa má finalização do avançado do Sporting.

Note-se ainda que Maxi até estaria em boa posição para agir caso Montero tocasse em Wilson Eduardo ou, no seguimento, André Martins optasse pelo passe recuado, mas isso pouco interessa visto que proteger a baliza é muito mais relevante. Caso algum dos cenários apontados acontecesse mesmo, alguém teria tempo de sair à bola e se Wilson Eduardo fizesse golo daquela posição paciência. Ao contrário do que é habitual, sou da opinião que uma equipa pode fazer tudo bem e mesmo assim não impedir o adversário de marcar.

Confira o vídeo abaixo:


segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Processo disciplinar a esta personagem que, uma vez mais, insultou o maior Activo do Clube: os seus adeptos.



Exijo um processo disciplinar e a perda da braçadeira de capitão a este indivíduo!

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Chama Gloriosa Chalkboard: Erros individuais custam golos (e derrota) nos Barreiros

FOTO: FILIPE FARINHA

Problemas no controlo da transição adversária devido ao critério com que é gerida a posse de bola. Esta tem sido uma dificuldade recorrente no Benfica de ontem e no de hoje e se na maioria das situações Jorge Jesus se pode gabar que a equipa sabe defender bem com poucos jogadores atrás da linha da bola, nos Barreiros não foi assim. Dois erros individuais evitáveis - um de Garay e outro de Cortez - deram origem aos dois golos madeirenses, situação a que o Benfica não conseguiu reagir.


No lance do primeiro golo, a passividade de Maxi na contenção a Sami é criticável, mas é a acção de Garay que permite a Derley aparecer sozinho na cara de Artur. No momento em que Sami se vira na direcção do corredor central, Derley faz uma excelente diagonal de encontro ao portador da bola aproveitando o espaço nas costas de Luisão e é acompanhado de forma correcta por Garay. O problema está no que vem a seguir. De forma algo inexplicável, o argentino decide suspender este movimento para tentar o fora de jogo quando esta acção só seria justificável se Sami estivesse condicionado (em tempo e espaço) por Maxi ou desenquadrado com o movimento de ruptura do colega. Não se verificava nem uma coisa nem outra e o guineense decidiu como quis. A imprudência de Artur fez o resto.

Confira o vídeo abaixo: 



No segundo golo, apareceram os problemas de coordenação de Bruno Cortez com a restante linha defensiva e também as suas dificuldades em fechar junto dos centrais; não em termos posicionais - note-se - mas em termos de agressividade nos duelos. É sempre injusto entrar no campo das hipóteses, mas tenho a forte convicção que com Melgarejo o Benfica não tinha sofrido este golo. Ou pelo menos este não tinha contado.

Confira o vídeo:


quinta-feira, 27 de junho de 2013

"Vitórias e Património" - Episódios 128 a 133 para download


VITÓRIAS E PATRIMÓNIO

Episódio 128 - Telma Monteiro
http://www.putlocker.com/file/88A6C8F7BC91E48C

Episódio 129 - João Santos
http://www.putlocker.com/file/9879D5553A0D7DF6

Episódio 130 - Rui Costa
http://www.putlocker.com/file/2534C3681D5E7485

Episódio 131 - Roma 1 - Benfica 2
http://www.putlocker.com/file/4369FAF55B61218F

Episódio 132 - Yocochi, a Natação do Benfica
http://www.putlocker.com/file/287706163CE2972C

Episódio 133 - Santana
http://www.putlocker.com/file/115052B6CA6766E7


Password para tudo: dfernandes


quarta-feira, 5 de junho de 2013

Paulo Parreira, uma vida de benfiquismo



Aqui fica uma entrevista feita a um (conhecido) adepto (do e à) SL Benfica!

Obrigado Paulo Parreira. ISTO SIM, É SL BENFICA!

Os bi e tricolores da direcção deveriam por os olhos neste senhor!

terça-feira, 4 de junho de 2013

Director-Geral Precisa-se!? (parte2)

Caro Presidente, irei colocar isto de forma clara e concisa:

Sportinguistas (ex-dirigentes) e Portistas NÃO!


JANELA NÃO!

domingo, 2 de junho de 2013

O Sport Lisboa e Benfica é CAMPEÃO EUROPEU de Hóquei em Patins!

(Foto:www.ojogo.pt)


Perante um pavilhão cheio de gente cujos valores nada acrescentam ao desporto nacional e muito menos à sociedade portuguesa, eis que os nossos heróis, contra tudo e contra todos, foram à Invicta sagrar-se Campeões Europeus pela primeira vez na História do SLB. Obrigado, muito obrigado!

Aos paineleiros do costume, fica aqui a devida homenagem.





Próxima década?!

Director-Geral precisa-se!? Qual é a dúvida?!



Demora muito, Presidente?! Ou quererá mesmo nada ganhar como tem sido seu apanágio?!

domingo, 19 de maio de 2013

Afinal foi mesmo "sujinho, sujinho..." como sempre!

sábado, 11 de maio de 2013

Por Ti, Por Nós, Pelo SL BENFICA!





Carrega SL BENFICA!

FCPorto v Benfica: aos ombros de César Brito

FOTO: ABOLA

Quando César Brito calou as Antas ajudando o Benfica a dar um passo decisivo rumo a mais um título nacional. Não perca, este sábado pelas 20:30 horas, o confronto entre FCPorto e Benfica a contar para a 29º jornada do campeonato nacional.

Minuto 81 de um clássico jogado numa tarde inesquecível de primavera. César Brito dirige-se para o centro do relvado e prepara-se para entrar em campo, camisola vermelha para dentro dos calções brancos, 15 nas costas e símbolo do Benfica junto ao coração. A aparência carregada de concentração não deixa antever aquilo que se seguiria. César estava a poucos minutos do melhor momento da sua carreira de futebolista.

Estávamos, como o leitor certamente já adivinhou, na longínqua época de 1990/91. O Benfica, orientado por Sven-Goran Eriksson, chegava às Antas na liderança do campeonato com um ponto de vantagem sobre o FCPorto. A quatro rondas do fim, o clássico foi apresentado como decisivo e o clima que rodeava a partida remetia para um autêntico cenário de guerrilha. Onze dias antes, ambas as equipas se tinham defrontado para a Taça de Portugal com a vitória a sorrir aos azuis e brancos por escassos 2-1 – golos de Domingos e Rui Águas – num jogo marcado pelas muitas queixas do Benfica em relação ao trabalho do árbitro Rosa Santos. Também a nomeação de Carlos Valente, árbitro setubalense que dirigiu o jogo naquela tarde de Abril, esteve no centro da polémica. Muito contestado pelo Porto, foi falsamente posto a circular na altura que o juiz tinha viajado, desde Lisboa, no mesmo comboio que transportava a equipa do Benfica. Como se isso fosse prova do seu desvio para o encarnado. Não era e não foi. Durante o jogo, a pressão dos responsáveis portistas sobre a equipa de arbitragem foi tal que ninguém se sentava no banco de suplentes – não havia ainda quarto árbitro -, tendo havido mesmo agressões no já famoso túnel das Antas, tanto ao intervalo como no final do jogo. Talvez por isso, tenha ficado por assinalar um penalti de Aloísio sobre Pacheco do tamanho da Torre dos Clérigos.

Do jogo propriamente dito, rezam as crónicas que foi bem disputado, equilibrado, nervoso e emotivo. As oportunidades escassearam e ambos os guarda-redes apenas se viram incomodados em lances de bola parada ou em cruzamentos para a área. Durante grande parte do tempo, entre quezílias e lances disputados no limite da agressividade, apenas Rui Águas dispôs de uma grande oportunidade de desatar o nó atado pelo teimoso zero-zero que se verificava. Falha de Aloísio em plena área portista e remate fortíssimo de Águas para grande defesa de Vítor Baía. Era o sinal que o Benfica estava nas Antas para fazer algo de bonito. E estava mesmo.

Regressemos ao minuto 81. César Brito entra em campo com uma fé que só ele sabe e corre para a área; Paneira avança pela direita em velocidade, detém o seu movimento junto à linha de fundo, olha e cruza de forma tensa para o primeiro pau; César salta no meio de três portistas e de cabeça, na primeira vez que a bola se chega a ele, desvia para o golo do Benfica. Festa encarnada nas Antas, mas havia mais. Bola a meio-campo, jogadores reocupam posições, joga e não joga e lançamento lateral para o Benfica na meia esquerda; a bola chega aos pés aveludados de Valdo e o brasileiro coloca-a na frente de César Brito de forma soberba; à aproximação de Baía, César responde com um pequeno toque que faz a bola elevar-se por cima do guardião portista e anichar-se feliz no fundo das redes. 2-0 para o Benfica no decisivo clássico das Antas e a tarde era de César Brito – o título, saber-se-ia mais tarde nos Barreiros, também. O covilhanense saltava pela segunda vez em quatro minutos os placares de publicidade para ir festejar com os adeptos benfiquistas situados atrás da baliza de Vítor Baía. Dois festejos e dois golos dedicados à eternidade.

22 anos depois o cenário repete-se. Clássico na invicta com o Benfica líder com mais um ponto que o rival Porto, desta vez a apenas duas jornadas do fim. Na noite deste sábado, todos se vão lembrar de César Brito, todos vão querer ser César Brito, todos vão gritar e festejar Benfica como César Brito. Mais alto que nunca, rumo ao 33º.  

terça-feira, 7 de maio de 2013

Liga de Futebol 12/13 - 28ª Jornada: Jogo Benfica-Estoril para download




BENFICA - ESTORIL

Liga de Futebol 2012/2013
28ª Jornada

 
 
 Audio - Língua: Português | Codec e Bitrate: MP3 VBR @ 108 kb/s (54/ch, stereo)

Vídeo - Codec: Xvid | Bitrate: 1786 kbps | Resolução: 640X368 | FPS: 25.000




1ª Parte
http://www.putlocker.com/file/FDB9BB1820C91C0A

2ª Parte
http://www.putlocker.com/file/5A7999365EEBCCC2


 
 Password: dfernandes

sábado, 4 de maio de 2013

Veja ou reveja a festa, a análise, as declarações e os comentários no pós jogo completo Benfica TV do jogo Benfica-Fenerbahçe

Benfica-Fenerbahçe

Liga Europa 2012/2013

Pós Jogo Benfica TV

 Audio - Língua: Português | Codec e Bitrate: MP3 VBR @ 100 kb/s (50/ch, stereo)

Vídeo - Codec: Xvid | Bitrate: 1284 kbps | Resolução: 640X480 | FPS: 25.000



Emissão de 1 hora e 34 minutos que inclui: relato dos golos pelos comentadores da Benfica TV, festa no exterior do estádio, entrevistas a adeptos, comentários em estúdio, imagens do jogo, conferência de imprensa de Jorge Jesus e entrevistas a jogadores. Toda a reportagem no final do Benfica-Fenerbahçe.



http://www.putlocker.com/file/AA8F07C285D1D826
http://www.putlocker.com/file/60BEAF96BBCFBE34


Password: dfernandes






Jogo Completo e restante reportagem disponível para download AQUI:
Créditos: OrangeOne.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Liga Europa 12/13 - Meias Finais / 2ª Mão: Jogo Benfica-Fenerbahçe para download | Créditos: OrangeOne



BENFICA - Fenerbahçe

Liga Europa 12/13 - 2ª Mão - Meia-Final

 
 Audio - Língua: Português | Codec e Bitrate: MP3 CBR @ 128 kb/s (51/ch, stereo)

Vídeo - Codec: Xvid | Bitrate: 1680 kbps | Resolução: 720X416 |

Duração: 54min + 53min




http://www.putlocker.com/file/1E7357A31B5E8367
http://www.putlocker.com/file/4316BC686D399D86

Pós-Jogo (SIC Noticias, com flash interview a Luisão e Jorge Jesus)
http://www.putlocker.com/file/D4C384B7F82E8EA1

Conferência de Imprensa - Jorge Jesus (BenficaTV)
http://www.putlocker.com/file/8B35DC6743B113F3

 
Password: orangeone | Créditos: OrangeOne

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Benfica v Fenerbahce: «Didis» trucidados na Luz

FOTO: OJOGO.PT

Quando Constantinopla caiu com estrondo em pleno Estádio da Luz. Não perca, esta quinta-feira pelas 20:05 horas, o embate entre Fenerbahce SK e SL Benfica na segunda mão das meias-finais da Liga Europa.

«Katliam». Foi com a palavra que traduzida do turco equivale ao que em português entendemos por «massacre», que a imprensa de Istambul resumiu aquele primeiro jogo entre Benfica e Fenerbahçe, referente à primeira eliminatória da Taça dos Clubes Campeões Europeus. Aproximava-se o fim do verão de 1975 e os campeões da Turquia deslocavam-se a Lisboa orientados pelo famoso Didi – duas vezes campeão mundial em 1958 e 1962 pelo Brasil e inventor da famosa «trivela» no mundo do futebol – para defrontar um Benfica em tempos de mudança, orientado por Mário Wilson e, pela primeira vez desde há muito, sem Eusébio.

Na Luz todos desconfiavam dos «Didis» e seus pares, esperando talvez um jogo técnico e apoiado como aquele que consagrou a selecção canarinha campeã do mundo com Pelé, mas o jogo revelou uma história totalmente diferente. A verdade, porém, é que nada fazia prever aquilo que se passou. O próprio Didi mostrava-se tranquilo nos dias antecedentes à partida, confiante no valor dos seus jogadores, e chegando mesmo a afirmar que só um jogador do Benfica poderia criar dificuldades à sua equipa e esse não ia jogar. Referia-se, claro, a Eusébio. Em entrevista ao UEFA.com [1], Nené, ex-jogador do Benfica titular em ambos os jogos da eliminatória, recordava isso mesmo: - «Com a aproximação do jogo, ele [Didi] fez umas declarações bombásticas a dizer que vinha ganhar ao Estádio da Luz ao Benfica. Nessa altura sabíamos quanto era poderoso o Benfica e se calhar isso serviu também como incentivo para podermos demonstrar a grandeza do clube. Fizemos valer os nossos direitos em casa, perante aquele empolgante público maravilhoso do Terceiro Anel». E assim foi. O Benfica fez valer os seus direitos naquela fresca noite de setembro com golos para todos os gostos e paladares. Sete golos – sete! – sem resposta foi a receita aplicada aos “Didis” que naquela noite cederam na Luz com um estrondo a fazer lembrar a queda de Constantinopla no séc. XV.

Com Messias e Artur fora da partida – ambos magoados – Mário Wilson fez avançar Malta da Silva e Bastos Lopes para emparceirarem Barros e Eurico. Do meio-campo para a frente, alinharam Shéu, Toni, Vítor Martins e Moinhos, com Nené e Jordão a serem os elementos mais avançados. O jogo em si pouca história teve. O festival de futebol por parte dos «encarnados» foi total e começou logo aos 22 minutos com Shéu a estrear-se na Europa da melhor maneira (entenda-se com um golo); quando soou o apito para intervalo já o Benfica tinha a equipa turca a três golos de distância, com Nené - sempre elegante e ligeiro no seu deslizar sobre o verde tapete – a assinar o segundo e o terceiro. Na segunda parte, já depois de Nené ter completado a santíssima trindade com o terceiro golo da sua conta pessoal e quarto do jogo, apareceu Jordão – qual gazela africana - a brindar a plateia com um segundo hattrick, avolumando o marcador até a uns impensáveis sete-a-zero. O jovem Benfica de 1975/76 chegou e sobrou para os «Didis» de Istambul.

O segundo jogo na Turquia foi, claro está, apenas para cumprir formalidades; não se pense, ainda assim, que tudo foi fácil. A verdade é que a deslocação do Benfica a Istambul quinze dias volvidos, mais pareceu ter sido em classe turística, pois os jogadores benfiquistas mais pareciam ter na cabeça a beleza da arquitectura de Hagia Sofia do que o futebol  do Fenerbahce. Tudo somado deu, claro está, um-a-zero para os turcos, que estando feridos no orgulho carregaram sobre a equipa do Benfica durante todo o jogo, fazendo brilhar Bento a grande altura.

38 anos depois, coincidência ou não, o Benfica voltou a sair de Istambul com um-zero de desvantagem, sendo que desta vez nada estava resolvido de antemão. Agora, na Luz, espera-se que a ambiciosa equipa benfiquista do presente possa subir aos ombros dos gigantes de 1975 (Nené e Jordão, sim, mas não só) para aplicar o mesmo tratamento aos «Didis» que até já nem o são. E nem é preciso dar sete; dois golos de diferença bastam. 

terça-feira, 30 de abril de 2013

Liga de Futebol 12/13 - 27ª Jornada: Jogo Marítimo-Benfica para download



MARÍTIMO - BENFICA

Liga de Futebol 2012/2013
27ª Jornada

 Audio - Língua: Português | Codec e Bitrate: MP3 VBR @ 100 kb/s (50/ch, stereo)

Vídeo - Codec: Xvid | Bitrate: 1747 kbps | Resolução: 640X368 | FPS: 25.000


1ª Parte
http://www.putlocker.com/file/A5A2BFE7FAF0CEF7

2ª Parte
http://www.putlocker.com/file/D205465075250E40

Flash Interview
http://www.putlocker.com/file/E2380B11FAAB55A6



Password: dfernandes

sábado, 27 de abril de 2013

Para recordar... A Final da UEFA Futsal Cup 2009/2010. Jogo Benfica-Interviu para download


BENFICA - INTERVIU

Final da UEFA Futsal Cup 2009/2010
 
Audio - Língua: Português | Codec e Bitrate: MP3 VBR @ 106 kb/s (53/ch, stereo)

Vídeo - Codec: Xvid | Bitrate: 1256 kbps | Resolução: 640X480 | FPS: 25.000



http://www.putlocker.com/file/91941DC556875493
http://www.putlocker.com/file/A18F499A7BC4E78E

 
 Password: dfernandes

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Liga Europa 12/13 - Meia Final / 1ª Mão: Jogo Fenerbahçe-Benfica para download | Créditos: OrangeOne



Fenerbahçe - BENFICA

Liga Europa 12/13 - 1ª Mão - Meia-Final

Audio - Língua: Português | Codec e Bitrate: MP3 CBR @ 128 kb/s (51/ch, stereo)

Vídeo - Codec: Xvid | Bitrate: 1685 kbps | Resolução: 720X416 |

Duração: 55min + 51min


http://www.putlocker.com/file/845964F26A86A016
http://www.putlocker.com/file/70F72E53F1435FE0
 


Password: orangeone | Créditos pelo rip: OrangeOne

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Casagrande no FC Pervitin


Aqui vos deixo o excerto do livro "Casagrande e os seus demónios pág 99/100, que retrata a passagem pelo FCPorto. 

 «No dia seguinte, Casagrande comunicou ao treinador que não jogaria mais pelo Corinthians. Ficou apenas treinando, à espera de uma transferência. O preparador físico Gilberto Tim ainda tentou dissuadi-lo, argumentando que a tempestade passaria logo e estimulando-o a entrar em campo. Não houve jeito. “Aquele seria mesmo meu último jogo. 
O Juan Figer comprou meu passe e me emprestou para o Porto.” Com os 15% a que tinha direito sobre o valor total da negociação, Casagrande adquiriu dois apartamentos na Pompeia, um deles para seus pais. E se preparou para mergulhar num futuro desconhecido.

 “Fui para o Porto sem saber o que ia rolar, quase não chegava informação no Brasil sobre os clubes de Portugal. Mas tinha muita confiança em mim mesmo para triunfar na Europa.” Ele soube que seu destino seria o Porto apenas a dois dias da viagem. Quando Figer lhe disse que o clube português classificara-se para a Copa dos Campeões, principal campeonato europeu, o atacante topou a aventura. Os dois viajaram juntos e assistiram à final da Supercopa de Portugal, entre Porto e Benfica, no estádio das Antas. A torcida o recepcionou com festa, e os dirigentes propuseram que ele vestisse a camisa e entrasse em campo para ser ovacionado. Ele não quis. “As arquibancadas estavam lotadas, e eu ainda me sentia meio tímido ali”, explica. “Nesse dia, percebi o quanto o time era forte. Contava com catorze jogadores de Seleção: a equipe de Portugal em peso, o goleiro polonês Józef Mlynarczyk, o argelino Madjer e eu.” Também havia três brasileiros no elenco: Celso Gavião (ex-zagueiro do Vasco), Elói (ex-meia de Santos, Vasco e Portuguesa) e Juary (ex-atacante do Santos). Os compatriotas lhe dariam suporte na adaptação. Casão passou o Ano-Novo em Portugal sem a família. Para amenizar sua solidão, Celso e Elói foram encontrá-lo no hotel, onde permaneceram até dez minutos antes da meia-noite. Com a mesma preocupação, Juary sempre o convidava para churrascos na casa dele. O apoio dos brasileiros era mesmo preciso. Afinal, entre os atletas portugueses, fez uma única amizade: Paulo Futre, principal jogador do país na época e seu amigo até hoje. 

Os demais companheiros de time o tratavam friamente. Mais do que isso, o boicotavam, por puro ciúme. “Ficava isolado nos treinos e era difícil receber a bola. Com o tempo, isso foi melhorando...” O bom desempenho da equipe na Copa dos Campeões e as viagens para cenários diferentes de tudo o que já havia visto também o animavam. Depois de ter enfrentado o Brondby, da Dinamarca, no Porto, com vitória por 1 a 0 (gol de Madjer), pelas quartas de final, embarcou com a delegação para o jogo de volta cheio de expectativa. “Foi sensacional essa experiência. Chegamos a Copenhagen com um frio tremendo, naquele inverno rigoroso, e fomos passear. Encontramos o cais totalmente congelado. Um dinamarquês, num barco, falou para a gente: ‘Pode até pular aí, que o gelo não quebra’. Então andamos em cima do mar, enquanto avistávamos icebergs no horizonte. Muito louco! Algo que nunca havia imaginado.” O que Casagrande também não imaginava era que ele próprio iria se quebrar num campo coberto pela neve. No empate em 1 a 1 com o Brondby, em uma jogada logo aos quinze minutos, fraturou a fíbula e rompeu os ligamentos do tornozelo esquerdo. Não poderia mais atuar naquela Copa dos Campeões, conquistada pelo seu clube. “Fizeram tudo para que eu me recuperasse até a final. O treinador queria me escalar na decisão, e eu fiz um teste na terçafeira à noite, véspera do jogo. Mas só conseguia correr em linha reta, não fazia curva de jeito nenhum. Aí acabei ficando no banco.” Depois da conquista da Copa dos Campeões, com o time em férias, sua família veio visitar o Brasil, mas Casão ainda permaneceu algum tempo sozinho na cidade do Porto. 

Aproveitou para desbravar os “buracos” da noite e saciar uma antiga curiosidade: experimentou fumar e tomar heroína na veia. “O movimento dark estava muito forte e, na música, faziam sucesso The Cure,David Bowie, Simple Minds... Havia muitos pubs nessa linha. Comecei a passear pela cidade e encontrei uns barzinhos escuros, cubículos que pareciam cenário do filme CristianeF., aqueles lugares a que ela ia. Assim, acabei conhecendo umas pessoas e provando heroína.” Esse episódio pode ser considerado uma exceção, um fato isolado durante o período em que Casagrande jogou na Europa. Determinado a obter êxito profissional no exterior, ele conseguiu se disciplinar e se manter distante das drogas para preservar a condição física. Ou, pelo menos, longe das chamadas drogas sociais. 

Porque ele constatou que, diferentemente do que ocorria no Brasil, o uso de doping estava disseminado pelo futebol europeu. Lá, pela primeira vez na carreira, e a contragosto, se dopou para melhorar o rendimento. Esse assunto é delicado. Apesar de ser fato, nenhum clube quer assumir esse passado obscuro, com receio de macular a imagem, empanar o brilho de conquistas ou, até mesmo, num limite extremo, correr o risco de ter títulos cassados pela Fifa ou por tribunais desportivos. Na década de 1980, o goleiro alemão Harald Schumacher, vice-campeão nas Copas de 1982 e 1986, resolveu revelar a verdade e o mundo caiu em sua cabeça. Ao publicar a autobiografia Anpfiff, confessou ter feito uso de doping em várias partidas, pois a prática era corriqueira no futebol alemão. Vários clubes e ex-colegas voltaram-se contra ele, porém o lateral e meia Paul Breitnerlhe deu razão e confirmou a denúncia. 

Existe um pacto tácito pelo silêncio. O recente caso de Lance Armstrong, lenda do ciclismo mundial, mostra bem a desfaçatez que impera nesse campo minado. Sabia-se já havia algum tempo que o heptacampeão da Volta da França fazia uso de substâncias proibidas, o que ele negava veementemente, com indignação capaz de comover até inimigos. Jurava inocência e ameaçava processar quem lhe imputasse tal desonra. Por ter voltado a vencer a prova mais importante do ciclismo internacional depois de se recuperar de um câncer nos testículos, posou como herói até ser desmascarado. Somente quando surgiram provas materiais, incontestáveis, ele meteu a bicicleta no saco e se retirou de cena. 

Apesar dessa cortina de fumaça, Casagrande não pode se furtar a assumir uma passagem relevante em sua carreira. A intenção não é denunciar ninguém, nem difamar qualquer clube —até porque já se passou muito tempo, e a vida segue em frente. Depois de ter admitido tantos pecados publicamente, não faria sentido esconder a própria experiência com doping. Por precaução, para evitar qualquer viés acusatório, vamos omitir nomes e lugares. Afinal, o que importa são os fatos. 

Em todos os anos que atuou na Europa, Casagrande foi dopado para jogar quatro vezes. Nunca quis, foi sempre contra, mas aconteceu. “Em geral, injetavam Pervitin no músculo. De imediato, a pulsação ficava acelerada, o corpo superquente, com alongamento máximo dos músculos. Podia-se levantar totalmente a perna, a gente virava bailarina... Isso realmente melhorava o desempenho, o jogador não desistia em nenhuma bola. Cansaço? Esquece... se fosse preciso, dava para jogar três partidas seguidas.” 

Esse procedimento acontecia abertamente no vestiário, sem a menor preocupação de escondê-lo de qualquer integrante da agremiação. “Era uma coisa oficial: do treinador ao presidente do clube, todo mundo sabia.” 

Só havia o cuidado de acompanhar o atleta até a eliminação da droga pelo organismo, tanto para prestar socorro, caso alguém se sentisse mal ou tivesse algum efeito colateral, quanto para liquidar as provas, embora exames antidoping fossem raros naqueles tempos. “O clube não deixava a gente ir pra casa depois do jogo. Ficávamos concentrados e dormíamos no hotel. No dia seguinte, fazíamos sauna de manhã e dávamos uma corridinha ao redor do campo. Só depois disso nos dispensavam.” 

O uso da substância não era exatamente opcional. Embora não houvesse um aviso formal de obrigatoriedade, isso estava implícito, e quase todo mundo seguia o script. 

“Estava sempre à nossa disposição, mas, nos jogos importantes, parecia obrigatório. "

"Tomar ou não tomar poderia definir a escalação, pelo menos essa era a sensação geral.” 

Ele não se deparou com essa prática em outros clubes europeus nos quais jogou, é bom ressaltar, porém sabia ser algo comum pelas conversas com jogadores que atuavam em outros times. Além disso, chegou a constatar a troca de informações entre departamentos médicos de clubes de países diferentes, quando descobriram um estimulante mais avançado, que seria mais difícil de detectar num eventual exame antidoping. A despeito de ter passado por essa experiência poucas vezes, o assunto traz desconforto a Casagrande até hoje. O uso de doping é totalmente contra seus princípios, por ferir a lisura esportiva. “Além de ser moralmente condenável, aquilo não me trouxe qualquer benefício, muito pelo contrário. Em um daqueles jogos, eu me machuquei e permaneci no campo por mais algum tempo, porque a droga mascarava a dor. Poderia ter agravado seriamente a lesão. Eu era jovem, não necessitava de aditivos para render bem fisicamente e ainda me expus a riscos desnecessários.” Mas, deixando de lado as substâncias “oficiais”, e voltando à heroína, Casagrande simplesmente saciou, na cidade do Porto, a curiosidade de provar a droga que havia levado à morte vários de seus ídolos, como Janis Joplin e Jim Morrison. Depois voltou a andar na linha outra vez. Tinha consciência de que a substância, fortíssima, causava dependência em pouco tempo. Quando se transferiu para a Itália, ficou seis anos completamente limpo. O seu contrato com o Porto terminaria em julho de 1987, e o clube manifestou desejo de renová-lo. O apelo era grande: o time iria disputar o Mundial Interclubes no Japão, contra o Peñarol (Uruguai), e a Supercopa Europeia, diante do Ajax (Holanda), campeão da Recopa. Porém, àquela altura, ele já praticamente selara a transferência para a Itália, dona do campeonato mais badalado do mundo. “Portugal só tinha quatro times competitivos: além do próprio Porto, havia Benfica, Sporting e Vitória de Guimarães. E a minha meta sempre foi jogar o Italiano.” Quando quebrou a perna, ainda nas quartas de final da Copa dos Campeões, ele já estava com duas transferências engatilhadas: ou iria para o Torino, da Itália, ou para o Racing, de Paris. Até os valores já haviam sido acertados, e dirigentes de ambos os clubes encontravam-se em Copenhagen, dispostos a fechar o contrato naquele dia fatídico. Porém com a grave lesão sofrida, o panorama mudou. O austríaco Toni Polster, que estava acertado com o Ascoli, acabou indo no lugar de Casão para o Torino. E o atacante brasileiro foi para o Ascoli, onde a vaga ficara em aberto.» 

 Ao contrário do que disse o Dr. Domingos Gomes o Luís Horta que seriam vitaminas, o que injectavam nos atletas do Porto, era o Pervitin, que mais não é que uma metaanfetamina proibida desde sempre pela UEFA/FIFA. (Metaanfitamina)- Remédio altamente estimulante, à base de anfetamina pura. Teve seu ápice na década de 50. Eram indicados inadequadamente para combater a depressão. Qualquer pessoa com 50 anos se lembra do Pervitin, vendido facilmente nas farmácias para quem desejava ou precisava passar noites em claro, dormir pouco ou reduzir o apetite. Foi retirado do mercado por seus graves efeitos colaterais: dependência física, alucinações, irritabilidade, taquicardia, ansiedade, forte diminuição dos reflexos. A venda ainda se faz hoje sob a forma de pílulas ou injectável, sendo considerado doping pela UEFA. 

Um artigo interessante
Pervitin: Hitler's Multivitamin Pervitin was a "multivitamin" that was widely distributed to German troops during WWII to give them an "energy boost". Fallschirmjaeger detachment "Granit" received vials of Pervitin just prior to embarking on the mission to capture fortress Eben Emael in Belgium in May 1940. This turned out to be one of the most celebrated air assault missions in history with German paratroops fighting like fanatics and defeating a force 15 times their size. German tankers and Luftwaffe fliers received Pervitin-laced chocolate rations (Panzerschokolade and Fliegerschokolade). Trouble is Pervitin was not a mutlivitamin but 100% crystal meth. Hitler was on a steady diet of "Pervitin" which was prescribed to him by his personal doctor Morell. We'll never learn the effects the drug had on his body but it's clear that by the end of the war Hitler's health was ruined with Parkinson's-like shaking seen in meth abusers. He was also mentally unstable and had explosive temper. German magazine Spiegel has a story:


O livro todo do Casagrande