Pois bem, começarei esta exaustiva análise realçando que apenas a estou a escrever antes do término da Liga, apenas e só devido ao facto de estarmos em ano de eleições e de, aparentemente, termos deixado fugir o nosso grande objectivo.
Primeiramente há que contextualizar os factos. Foi-nos vendida a ideia de que este seria o mandato desportivo, com o foco de atenção a incidir predominantemente nas questões desportivas, no "core-business" (e aqui estou a citar o Presidente eleito!) do Clube, na conquista de títulos. Três anos volvidos e teremos, na melhor das hipóteses, um campeonato nacional e 3 Taças da Liga conquistadas. Curto, extremamente curto!
Vamos caminhando a passos largos para o fim do 3º mandato com LFV na Presidência, período no qual se viveram momentos extremamente conturbados no futebol nacional. Foi também neste período que, enquanto nós, benfiquistas, festejámos dois títulos nacionais, vimos eternos rivais disputarem finais internacionais. Houve um clube que, neste período, até conseguiu mais títulos internacionais do que nós conseguimos campeonatos nacionais! Surreal, no mínimo.
No entanto, todos nós pudemos assistir à vergonha que foi este campeonato. Um campeonato que em nada fica a dever a outros que ficaram célebres. Quinhentinhos, Calheiros, Paixões e outros que tais. O que assistimos sobretudo na segunda metade da liga foi vergonhoso, digno de um país de terceiro mundo!
E quando isso aconteceu, tivemos o líder máximo que veio a terreiro (TV) defender a classe...da arbitragem! Sobre aquilo que insistentemente nos tem afastado dos títulos, nem uma palavra. É isto que critico no Benfica contemporâneo, a falta de liderança e a incapacidade em defender os seus!
O cerne do problema com o qual o Glorioso vive desde a década de '90 é a falta de liderança, a falta de coragem para defender aquilo que é nosso e, quando vimos o nosso património, valores e integridade serem permanentemente achincalhados por gente que nos é alheia, não mais fizemos do que relegar para as instâncias competentes a resolução dos casos. Meus amigos, neste País?! EM PORTUGAL?!
As causas para o insucesso desportivo destas últimas duas épocas não se esgotam, de todo, em Jorge Jesus. Foi capaz de catapultar o Clube para patamares competitivos que não eram vistos na Catedral há já alguns anos (2004/05), e conseguimos, com isso, evitar a falência técnica. Se hoje temos algum desafogo financeiro em muito se deve a Jorge Jesus! Contudo, deixarei a análise ao actual treinador para parágrafos futuros...
Este ano, fomos alvo de algo que considero inqualificável. Impediram-nos a todo o custo de alcançar o 33º título nacional. E o que disseram aqueles que foram eleitos para defender os interesses do Clube, perante tamanhos factos? NADA! Absolutamente nada. Ainda nesta Segunda-Feira, assistimos novamente a fenómenos estranhos em Alvalade e o único que se prontificou a denunciar a situação perante todos foi... Artur Moraes. Esse mesmo. Mais tarde, vimos finalmente alguém da direcção falar sobre o caso. Foi Rui Gomes da Silva que veio, num tom de quem estava a sentir-se enganado e roubado, falar. Finalmente! Veio com vários meses de atraso, só para falar de factos relacionados com esta temporada desportiva. Do Presidente, nem sinal...
Temos sido incompetentes a lidar com as características próprias do campeonato português. Características, estranhas e obscuras, como é evidente. A esta incompetência nata juntou-se outra, que infelizmente não é virgem: a incompetência desportiva. Num mandato que foi apelidado de Mandato Desportivo, e em particular nesta temporada onde foram alocados à estrutura não só alguém para controlar (imagine-se?) as acções do técnico principal, como também um Professor para dirigir um departamento pioneiro denominado Departamento de Inteligência Competitiva. Com que resultados? O primeiro foi incapaz de segurar os ímpetos de Jorge Jesus, ao ponto de terem sido por este criados os casos Rúben Amorim e Enzo Pérez. Já o Professor não conseguiu, na segunda metade da temporada, conter a fanfarronice tão característica de JJ. Em Junho de 2009, em plena campanha eleitoral, Luís Filipe Vieira proferiu - e passo a citar - “Falta-nos conquistar títulos. Posso garantir que este mandato será para fazer obra nisso. Temos serenidade para investir no nosso ‘core business’ e ganhar não um, mas dois ou três campeonatos seguidos” . Portanto, posso concluir que só após duas eleições, é que o Presidente do Sport Lisboa e Benfica (até então duas vezes eleito democraticamente pelos sócios para exercer o cargo) se preocupou com as questões desportivas. Não houve ninguém que o tivesse informado de que já não estava em funções no (extinto!) Futebol Clube Alverca, clube para o qual também havia sido eleito.
Relembro que aquando da sua primeira eleição para o cargo de Presidente do Glorioso, já o Sport Lisboa e Benfica tinha conquistado 31 títulos nacionais. O Sport Lisboa e Benfica não tem 10 anos de história. São já cento e... oito. Luis Filipe Vieira até começou bem. Criou infra-estruturas modernas (Caixa Futebol Campus) necessárias para a prática desportiva de Alta Competição. Mas é falsa a mensagem que tem tentado passar durante todos estes anos, de que ao Sport Lisboa e Benfica pouco mais restava do que, imagine-se, as pedras da calçada. É uma afirmação que INSULTA qualquer benfiquista! Avançou para a demolição de um dos intocáveis baluartes do Património benfiquista: O Estádio da Luz. Foi uma dor que me causou que ainda hoje não consigo digerir nem apagar. A moderna Luz é, de facto, belíssima, mas não tem a imponência mística da Catedral.
Obras à parte, quero aqui também desmistificar a ideia que nos foi vendida de que estaríamos desafogados financeiramente. Não estamos. A situação melhorou consideravelmente com as vendas realizadas na Era Jesus. No entanto, o passivo da SAD é assustador!
Agora quero regressar a um tema já aqui abordado, para ajudar a clarificar e elucidar os nossos leitores do porquê de estarmos, insistentemente, condenados ao insucesso. Para lá das questões técnicas, há as fundamentais questões clubísticas e de (in)competência, que teimam em assolar o dia-a-dia do Clube. Temos no seio da Instituição gente que não partilha das nossas preferências clubísticas. Mais, estamos MINADOS. Temos como funcionários, directores de departamentos e até, imagine-se, administradores, fervorosos apoiantes de clubes rivais. Se isto poderia ser possível numa qualquer outra empresa? Sim, desde que fossem competentes. Num clube desportivo? NÃO! E porquê? Porque este é uma área de cariz unicamente emotivo. Poderei eu evitar, trabalhando num clube rival, um sorriso igual ao do Jesus quando presenciar uma vitória do clube que apoio? Não. Nesta área não. E como sou de um clube rival, a psicologia diz que é mais provável eu interagir com os que me são semelhantes do que os que me são alheios. E aqui, novamente, a psicologia diz que há uma probabilidade maior de existirem estas interacções sociais do foro particular com elementos que partilham comigo os mesmos gostos. Posto isto - e numa linguagem mais perceptível - há que afastar os BUFOS (!) das decisões do Clube o mais rapidamente possível. Como? Vassourada de uma ponta à outra! Há gente que ali pulula que tem no seu currículo, décadas a fio de práticas pouco dignas. Creolinas, diria até. E não se contam, sequer, pelos dedos de uma mão...
Existem também aqueles inatacáveis benfiquistas que, desconhecendo-se os motivos, teimam em acatar e aceitar de bom grado esta permanência de elementos estranhos ao Clube. E com subserviência, diria! Parece que a SAD está entregue, maioritariamente, a benfiquistas capados de decisão.
Devo dizer que depois de ter lido um administrador a referir-se ao Glorioso em termos depreciativos e menores, já nada me espantará. Um benfiquista inatacável...
E como por aqui se vê, a comunicação é o eterno problema dos grandes clubes. No nosso caso em particular, todos falam e todos querem falar, sem que haja qualquer política de comunicação evidente. E a mensagem que passa, nunca é em uníssono. Cada um diz o que lhe apetece, quando quer, e da forma que quer! É o pagode total!
E é desta forma que chegamos ao técnico principal do Sport Lisboa e Benfica. Porquê? Porque estamos a falar de comunicação. Jesus foi, uma vez mais, teimoso e incompetente. Um ano depois do cartoon Roberto, eis que chegou a hora, quando tudo parecia ir num caminho acertado, insistir à esquerda em alguém que, manifestamente, de jogador de futebol pouco tem. Mas o insucesso dentro das quatro linhas não se resume a Emerson, longe disso. JJ deve ter tido perto de 50 atletas a treinar no Seixal nesta pré-temporada. Quase todos eles internacionais dos respectivos países nos mais diversos escalões. E eis que Jesus fez por dispensar a alternativa a Maxi Pereira (Wass, internacional A titular da Dinamarca) recém-chegada ao Clube. Não satisfeito, e dado que a abundância qualitativa nalguns sectores do clube era tal, fez questão de se incompatibilizar com Carlos Martins, que era à data, juntamente com Fábio Coentrão, os únicos representantes do Glorioso na Selecção Nacional. Terá pensado que teria melhor, com certeza.
Chegou o momento da venda de Coentrão, e com ele o substituto natural do português: Capdevila. Aterrou na Portela cilíndrico, é certo, mas tal facto não pode justificar tamanha casmurrice na lateral esquerda, tais são as demais evidências. A persistência é completamente distinta da teimosia. E a teimosia é uma revelação de incompetência...
Avançando na temporada, Jesus, que tanto crédito havia conseguido angariar na sua primeira época como treinador do Clube, foi granjeando sucessivos votos de confiança contrastados com situações de autêntico desrespeito pelo passado glorioso do Sport Lisboa e Benfica. Colocou a nú, uma vez mais, a sua fanfarronice, demonstrando, jogo após jogo, a sua impreparação para o cargo. Não raras vezes foram as que surgiu em plena conferência de imprensa completamente desinformado sobre a história e grandeza do Clube. Numa primeira época e a um técnico estrangeiro, aceita-se e compreende-se; em alguém com 30 anos de profissão em Portugal e duas temporadas completas no cargo, não se admite! Num Benfica à Benfica, e logo após o ultimato que fez no final da sua primeira época ao Presidente, não mais vestiria o Manto Sagrado logo a partir do instante seguinte! É uma questão de cultura. Cultura de valores e exigência, sobretudo. Valores e exigência, esses, já em parte desaparecidos do quotidiano do Glorioso, infelizmente. E aqui deixem-me que oportunamente parafraseie um dos meus maiores ídolos de benfiquismo, o grande, ENORME Senhor Mário Wilson: "Por muitos desgostos que possamos ter, Valores mais altos se levantam. E o valor mais alto que se levanta, em termos futebolísticos, chama-se...BENFICA!"
E é desta forma que me cala fundo, me despeço. Não sem antes fazer questão de rejeitar peremptoriamente o rótulo que o Presidente e outros, me possam vir a colar: Não sou abutre. Sou ÁGUIA! Não sou ÁGUIA de Prata e muito menos de Ouro, mas sou ÁGUIA DE CORAÇÃO!
VIVA O BENFICA!!!
3 comentários:
bom texto! concordo com quase tudo a nao ser a parte sobre o velhinho estadio da luz. Apesar de todos termos grandes e boas recordacoes do velhinho estadio da luz penso que o estadio nao era viavel tendo em conta o actual numero de espectadores e a actual expectativa desses espectadores ao nivel da seguranca, conforto e modernidade coisas que o actual estadio oferece. Nao esquecer que o velhino estadio da luz tinha uma capacidade de 90mil...quando e' que esses 90mil seriam lotados hoje me dia? se hoje em dia nem os 65mil se consegue lotar a nao ser em raras ocasioes....acho que foi uma das grandes decisoes deste Presidente e por muitos que digam o contrario gostaria de ver a reaccao se nos sentassemos agora num estadio quase vazio sem cobertura com chuva da boa a cair em cima e com aquela distancia toda que ia das bancadas ate ao relvado....
“Falta-nos conquistar títulos. Posso garantir que este mandato será para fazer obra nisso. Temos serenidade para investir no nosso ‘core business’ e ganhar não um, mas dois ou três campeonatos seguidos”
LFVieira
De falhanço desportivo em falhanço desportivo, até ao futuro papel secundário na conquista de títulos nacionais.
excelente artigo caro amigo, imagino a dor que sentiste aos escreve-lo.
abraço
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