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terça-feira, 13 de julho de 2010

Deixar a Suíça com estilo

O Benfica jogou hoje o seu terceiro e último jogo amigável na Suíça, pondo assim termo ao estágio que efectuou nas terras helvéticas. O adversário voltava a ser acessível, mas Jesus mudou definitivamente a orientação na definição do onze titular, apostando claramente e desde já no que serão as mais que prováveis escolhas preferenciais do técnico. Assim, na baliza jogou Roberto, à sua frente Peixoto, David Luiz, Sidnei e Luís Filipe, no meio Javi Garcia, Martins, Aimar e Gaitan, e na frente Kardec e Saviola.


Faltam, claro, os mundialistas. Portanto, num exercício meramente teórico, provavelmente Coentrão entrará para o lugar de Peixoto, Luisão para o lugar de Sidnei, Maxi para o lugar de Luís Filipe e Cardozo para o lugar de Kardec. Isto, claro, se não houverem saídas de nenhum desses jogadores. Portanto, a tentativa é desde já de voltar a consolidar um onze, e não estando disponíveis os teóricos "donos" de alguma posição, Jesus fez avançar os seus mais semelhantes.


A partida começou com o Aris muito rápido sobre a bola e a dificultar muitíssimo a tarefa defensiva do Benfica, atacando com jogadores rápidos e a aproveitar muito bem os imensos espaços que o Benfica concedeu no seu meio campo defensivo. De facto, foi em termos defensivos que menos consistente esteve o jogo encarnado, penso que muito por culpa da falta de frescura física de Javi Garcia, que me pareceu uns furos abaixo dos restantes colegas. Na segunda parte, com a entrada de Airton para o seu lugar, o Benfica passou a ter mais controlo do jogo no seu próprio meio campo, que até aí lhe fugia.

Aimar apareceu em grande estilo, com uma disponibilidade física notável para esta fase da preparação, tentando segurar no jogo em todas as suas fases, e tanto no miolo como caindo para as faixas laterais. Carlos Martins esteve algo eclipsado mas razoavelmente compensado pela tendência de Kardec em cair sobretudo para o flanco direito (mais visível na segunda parte), e Saviola esteve também em bom plano na construção de jogo. Aliás, mostra já um entendimento notável com o seu novo colega de equipa, Gaitan, que a partir da esquerda voltou a ser uma arma letal no jogo ofensivo da equipa, combinando bem com os colegas e misturando movimentos interiores com movimentos na faixa que ainda não lhe tínhamos visto.


O calcanhar de Aquiles da equipa foi de facto o processo defensivo. Peixoto e Luís Filipe deram quase sempre muito espaço nos flancos, o que pode ser explicado pelo cansaço por exemplo (com efeito, Peixoto jogou já cerca de 250 minutos em apenas quatro dias), e Sidnei e David Luiz estiveram longe de um entendimento perfeito, muitas vezes distantes um do outro e raramente em linha. A juntar a isto, Javi Garcia esteve realmente longe da exigência física que o Aris lhe exigia, e isso motivou a que repetidas vezes o Benfica fosse apanhado em contrapé.


Roberto assinou hoje uma exibição mais sólida, mais consistente e mais confiante. Fez uma excelente defesa na parte final da primeira parte, não se coibiu de procurar interceptar os lances mesmo fora da pequena área (embora tenha hesitado num lance), e portanto esteve muito mais perto do seu real valor.


Na segunda parte tudo foi diferente, e viu-se já um Benfica mais próximo até em atitude do que se espera que venha a ser a performance da equipa durante a época. Airton deu mais rotação ao meio campo defensivo e com isso permitiu que o Benfica se chegasse uma dezena de metros mais à frente no terreno. E com a maior pressão sobre o adversário, ficou bem patente a grande diferença de nível entre as equipas em confronto. Os golos sucederam-se, podiam ter sido mais, podiam ter sido menos... foi uma mera questão de vontade e de pernas.


Destacaria a melhoria exibicional de Roberto como um dos factos mais relevantes da partida, mas destacaria também o excelente papel que Aimar desempenhou juntamente com Saviola, destaco Gaitan... incrivelmente confortável no seio da equipa, pressionando bem na frente, e já mostrando movimentos concertados de compensação defensiva. Os dois centrais estiveram bem, embora me pareça que Sidnei perdeu algumas bolas em zona defensiva que eram perfeitamente evitáveis, displicência que também David Luiz acabou por exibir em alguns lances. Weldon entrou muito bem na partida, e construiu uma jogada notável que deu a oportunidade a Jara de se estrear a marcar de águia ao peito. Kardec também voltou a jogar bem enquanto esteve em campo, marcou um golo e voltou a mostrar movimentos que são importantes para a equipa e para abrir espaço ao meio. Rápido com e sem bola, tecnicamente bastante razoável, é um jogador que mostra realmente vontade de evoluir e de subir a um patamar mais elevado. Estou certo de que conseguirá.


Duas notas mais negativas, uma para Javi Garcia, ainda muito longe dos índices físicos dos colegas - pelo menos é o que transparece. E Felipe Menezes. Só percebi que tinha mesmo entrado em campo vinte minutos depois de render Carlos Martins, isto apesar de nesses 20 minutos o Benfica ter estado instalado no meio campo adversário e, por isso, na zona de acção de Menezes. Não se envolve na partida, quando a bola finalmente chega até ele mostra pouca eficiência e pouco esclarecimento. Francamente, cada vez mais acho que não tem qualquer hipótese de lutar por um lugar no plantel. 


Foi um bom teste, 4-1 é sempre um resultado agradável, e já se começaram a ver os princípios de jogo que certamente farão parte da matriz ideológica do Benfica para 2010/11. As nuances introduzidas pelo estilo particular de Gaitan parecem adequar-se perfeitamente ao Benfica, e isso abre portas a que a substituição de Di Maria seja menos traumática do que potencialmente poderia ser.

1 comentários:

Gostei das indicações dadas pelo Saviola.
No ano passado, apesar dos golos que marcou, sempre pareceu muito preso de movimentos.
Depois da lesão deixou completamente de render.
Este ano, com a benesse de já ter uma temporada ao mais alto nível e prever-se fazer a pré-época toda, cheira-me que vai ser o melhor ano do Saviola na Europa.
Aguardemos

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