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terça-feira, 17 de agosto de 2010

Entrada com o pé esquerdo

Apesar de futebolisticamente pouco se passar nas hostes encarnadas neste início de época, vou dedicar umas linhas ao que se jogou dentro de campo no Benfica - Académica que abriu, da pior forma possível, a defesa do título nacional conquistado na época passada. Jesus voltou a insistir no 4-1-3-2, colocando Roberto na baliza, Coentrão, David Luiz, Sidnei e Maxi na defesa, Javi à frente deles, e depois um trio composto por Peixoto, Amorim e Aimar a apoiar os avançados, Cardozo e Saviola.


A discussão táctica já está muito gasta, porque já todos vimos que faltam jogadores seja para que táctica for. Mesmo o 4-3-3 da pré-temporada sofre do mal de não haverem jogadores que nessa táctica dêem largura ao jogo, e por isso Jesus tentou novamente o modelo da época passada, mesmo significando isso que o papel de Di Maria era para ser cumprido por Peixoto. Pelo menos assim, a estratégia defensiva da equipa não saiu prejudicada com os flancos bem preenchidos, mas no ataque... notou-se, e bem, a falta de argumentos desta equipa. Com um Ruben Amorim estranhamente apático e desinteressado, e com Peixoto a assinar provavelmente a pior exibição que já lhe vimos de águia ao peito, o Benfica só conseguiu ligar jogadas de ataque com investidas exuberantes de Coentrão pelo flanco esquerdo, normalmente em combinação com Saviola, visto que também Aimar esteve sempre muito distante do jogo.




O ritmo lentíssimo a que o Benfica jogava levou a que nos primeiros 45 minutos a equipa não rematasse uma única vez à baliza defendida por Peiser. Pelo meio, mais um golo sofrido de bola parada... a defesa à zona voltou a falhar devido a um erro individual, e penso que talvez começasse a ser altura de adoptar um modelo misto... porque manifestamente os nossos jogadores estão a sentir imensas dificuldades no que concerne o ataque à bola que deve ser feito. Roberto também não ficou muito bem na fotografia, mas de resto até assinou uma exibição interessante.


Para a segunda parte, Jesus tirou Peixoto e lançou Jara, dando corpo ao 4-3-3 que as bancadas pediam. Significativo também o monumental assobio que o nome de Peixoto mereceu quando a substituição foi anunciada no sistema sonoro do estádio. Mas no essencial, a exibição manteve-se... jogando a passo, com um jogo muitíssimo centralizado, a Académica nunca esteve propriamente em dificuldades para suster o Benfica. Teve apenas dificuldades para suster Coentrão, que ofereceu o golo do empate a Jara. De resto, povoando bem o meio campo, e deixando apenas dois jogadores rápidos nas alas para bloquearem a subida dos nosso laterais, anularam tacticamente um Benfica lento e sem ideias.


Aimar e Maxi cederiam ainda os seus lugares a Weldon e Martins, que também não entraram bem. Jogo aos repelões, sem grande inspiração e sem ninguém capaz de provocar desequilíbrios. O público desesperava com o empate, e no último minuto a Académica concretizou o pior... um remate de Laionel a bons 35 metros da baliza só parou na baliza do adiantadíssimo Roberto, e o singelo ponto que tão mau seria esfumou-se.


Todas as carências do plantel foram novamente postas à prova, e com mau resultado como era de prever. Eu próprio antes da Supertaça já tinha dito que, fosse qual fosse a táctica, era fácil anular este Benfica, por ter poucos jogadores capazes de se colarem à linha. Bloquear os laterais e povoar o meio campo anula praticamente a equipa, e foi isso que aconteceu. E depois juntando a exibições desastrosas e sem aplicação de jogadores como Cardozo, Ruben Amorim, Peixoto ou Aimar, tudo piora. Algo vai muito mal no Benfica quando metade da equipa parece não ter sequer o mínimo interesse em estar a desfilar no terreno verde. Sérios problemas e de várias índoles estarão certamente em cima da mesa para serem resolvidos... até lá, não tenho ilusões... voltaremos a ver mais espectáculos destes, mesmo com um Jesus colérico no banco como aconteceu na 2ª parte.


A melhor exibição foi de longe de Coentrão, que no final do jogo estava até desesperado pelo resultado alcançado. E juntamente com David Luiz, Javi Garcia e Jara, foi o único a honrar a camisola que trazia vestida. Depois houve exibições com vontade mas sem brilho (Roberto, Saviola, Maxi, Martins e Weldon), e todos os outros foram simplesmente indignos da camisola que envergam.


Saí muitíssimo desgostoso do estádio... mais do que a derrota, vi uma equipa destroçada, sem chama, sem alma e sem ambição. Culpa de Jesus? Rui Gomes da Silva, administrador da SAD, e alguns dos amigos da imprensa começam a implementar o soundbyte segundo o qual Jesus teve tudo o que quis e portanto agora tudo tem de resolver. Lacunas do plantel, jogadores amuados e outras situações. Pois a mim não me convencem, porque foi Jesus que, sem precisar de tempo, me voltou a mostrar o que é o verdadeiro Benfica.


Há muitíssimo para reflectir e melhorar... senão, dificilmente lá vamos. Partimos para este campeonato muito atrás do grande rival, a meu ver. Não só em pontos, como em plantel, como sobretudo animicamente.

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