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segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Uma questão lateral

Apesar de muitos apologistas da transformação das massas de adeptos em ordeiros rebanhos de mentes alieneadas defenderem o contrário, o Benfica tem um problema indisfarçável nas laterais. A pré-época mostrou isso, e só os muitos golos marcados pelo ataque foram permitindo que muito boa gente pudesse assobiar para o ar quando confrontado com o problema de uma manta curta demais para a área que é suposto ser aquecida este ano.


Com Coentrão adaptado (e bem) a lateral esquerdo, sem Di Maria e com Urreta incompreensivelmente emprestado antes de vir uma alternativa, o Benfica ficou sem profundidade na esquerda. Na direita o problema é semelhante... Com Maxi de fora no início da época, sem Ramires e com Amorim obrigado a jogar à defesa, o Benfica reduziu também a profundidade que tinha. E mais do que a questão ofensiva, o Benfica perdeu duas fortalezas que havia construído nos flancos na época transacta.


Ouvi com espanto na BenficaTV na semana passada que o Benfica este ano está recheado de extremos. Do Coentrão ao Maxi, passando pelo Jara, pelo Saviola, mesmo pelo Martins que fez o lado direito já várias vezes. E fiquei a perguntar-me se aquilo seria uma visão mais psicotrópica do problema, ou apenas uma forma de esconder o facto que a Supertaça deixou bem à vista: a construção do plantel este ano foi uma catástrofe até ao momento.


Carlos Martins é a pior aposta táctica em muito tempo no Benfica, comparável se calhar à famosa táctica que colocava Luisão como armador de jogo e Suazo como referência do ataque encarnado. Se ofensivamente o português tem dado boa conta de si, defensivamente não tem feito as compensações laterais que se exigem na sua posição (quer falemos do 4-1-3-2 ou do 4-3-3). O resultado ficou à vista nos amigáveis de pré-época, e com particular dor no jogo da Supertaça... um Amorim pouco dado a lateral direito deixado só no flanco perante as investidas dos adversários.


Mesmo em 4-3-3, querer fazer passar um qualquer Saviola ou Jara por extremos no sentido de dar largura ao nosso jogo, é uma clara falha analítica. Aliás, se queremos ver o que são extremos do 4-3-3, olhemos para o Porto, que é uma equipa com grande largura no ataque. Tanto Saviola como Jara são típicos avançados vagabundos para vaguearem no espaço criado pela principal referência ofensiva que jogar com eles, podendo obviamente cair sobre os flancos na medida do que o jogo ofensivo for pedindo. E é provavelmente a imagem deles a cair sobre o flanco que leva a que algumas pessoas achem que eles podem ser extremos. Mas não podem, porque se em processo ofensivo a necessidade aguça o engenho e pode forçar os jogadores a irem procurando a linha lateral, em termos defensivos a táctica dita leis. E se já Martins tem dificuldades em preencher espaços laterais, que dizer dos nossos avançados.


Nesta pré-época, as laterais mais consistentes que vi foram formadas por Coentrão e Peixoto na esquerda (com Coentrão a defesa), e Luís Filipe a defesa direito, com Amorim na sua frente. Foi a única forma da equipa ser consistente na transição defensiva, com as posições perfeitamente definidas e uma correcta ocupação dos espaços. O rendimento defensivo da equipa foi incomparavelmente melhor. Ora, não sendo Luís Filipe o lateral que queremos ver jogar, e não passando o Peixoto de um suplente decente, é evidente, é óbvio que faltam jogadores.


Por muito que se disfarce, o Benfica passados 30 milhões de Euros de gastos tem duas lacunas gritantes no seu plantel. Lacunas que a não serem preenchidas, vão-nos impedir de conquistar o bicampeonato, podem anotar. Jorge Jesus sabe isso melhor que ninguém, e por isso não deve evitar um certo sorriso quando vê no canal do clube que serve dizerem que os "extremos" que o plantel tem chegam e sobram para uma temporada ao nível da anterior. Até estranho não ter visto o Saviola numa ala num dos jogos em que Ramires ou Di Maria não puderam jogar. Foi esquecimento do mister, certamente.

3 comentários:

Concordo plenamente... As saídas do Di e do Ramires têm que ser colmatadas pelo menos ao mesmo nível destes. Não podemos perder titulares e ficarmos somente com os seus suplentes no plantel!

Com este plantel não acredito em nenhum título para esta época... Ainda vamos a tempo de corrigir!!

Uma questão fulcral.
Ainda vai ser o Balboa o nosso salvador...

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