Popular Posts

quinta-feira, 13 de maio de 2010

O onze da época

Finalizada a temporada, chega a altura dos balanços. De recordar tudo o que de bom foi feito, o que podia ter sido melhor, quem mais se destacou, quem mais fez por merecer o carinho dos adeptos, etc. Começo esta altura de balanços com a eleição do que foi, para mim, o melhor onze do Benfica este ano. Um onze que, na realidade, não é bem um onze, visto que apresento algumas variantes pelo facto de em algumas posições terem havido jogadores de rendimento muito equivalente e que dão soluções diferenciadas à equipa.


Guarda-Redes: Quim
O número 12 do Benfica voltou a ser, quanto a mim de longe, o melhor guarda-redes do plantel. Isto só por si devia arrepiar quem tem a missão de, no próximo ano, corrigir de vez a lacuna que temos nesta posição. Lembro-me de uma defesa realmente complicada, em Alvalade. Lembro-me de defesas banais que enfeitou com grandes vôos. Lembro-me de grandes sustos que não deram golo apenas e só porque não calhou. E, claro, lembro-me dos golos em que é manifestamente mal batido. Ser campeão sem guarda-redes tem outro sabor... só assim entendo esta insistência benfiquista em não contratar um fora de série. Não me falem em Eduardo, que isso será mais do mesmo!

Defesa Direito: Maxi Pereira
O lateral uruguaio fez mais uma óptima época. Um jogador de raça e grande carácter, ao nível dos maiores exemplos de jogador à Benfica. Um jogador que, nas suas próprias palavras, não se autoriza a ficar cansado durante um jogo. Tecnicamente perfeito nos básicos do futebol, cumpre com simplicidade e abnegação as tarefas. Defensivamente não dá espaços, no ataque é uma autêntica locomotiva apontada à área adversária. Desde Veloso que o Benfica não tinha um lateral tão consistente.


Defesa Central nº 1: Luisão
O nº 4 continua a sua caminhada rumo à imortalidade no universo benfiquista. Quanto a mim, fez a sua melhor época de águia ao peito, conseguindo uma temporada de altíssimo nível. Fez uma parceria perfeita com David Luiz, foi sempre um autêntico treinador em campo, comandando a equipa e em particular o sector mais recuado da equipa. É um autêntico pilar emocional da equipa, com um traquejo impressionante. E, novamente, marcou golos importantes. O golo do jogo do título (contra o Braga), foi dele. Sempre presente nos momentos em que se escreve a história.


Defesa Central nº 2: David Luiz
Copiando Paulo Futre, é quanto a mim, e a par de Piqué, o melhor defesa central do mundo. Com capacidades físicas quase sobre-humanas, o nº 23 arrisca-se a ser uma espécie de Maldini do século XXI. Tecnicamente é um prodígio, seja nas acções defensivas seja nas acções ofensivas. Melhorou imenso ao longo do ano, terminando a época com uma noção quase perfeita de quando deve arriscar no ataque, de quando deve tentar a antecipação ao adversário ou recolher-se na expectativa. Protótipo do jogador perfeito, ainda por cima com um peso gigantesco já no balneário do Benfica e no coração da massa adepta. Oxalá fique!


Defesa Esquerdo: Fábio Coentrão
O português iniciou a época como suplente de Di Maria, mas pouco a pouco assumiu-se como obrigatório no onze. Senão podia ser no lugar do argentino, pois então reclamou um lugar a lateral esquerdo, posição onde as lacunas do plantel encarnado eram mais que evidentes. Começou com as naturais dificuldades de um jogador de formação ofensiva que de repente se vê a braços com o mundo do jogo defensivo. Não virou a cara à luta, juntou ao talento raça e coragem, e terminou como um lateral esquerdo de excelência. Bem no posicionamento defensivo, excelente na antecipação e com uma capacidade física tremenda para apoiar o ataque.


Trinco: Javi Garcia
Que contratação..! O fantástico espanhol assentou que nem uma luva nas ideias de jogo que Jorge Jesus implementou na equipa, varrendo todo o meio campo defensivo e permitindo que os jogadores do ataque arriscassem com o conforto de saberem que tinham as costas protegidas. Tacticamente perfeito, como o provam as automáticas compensações às subidas de David Luiz, faz também da sua impressionante capacidade atlética uma virtude para marcar pontos durante os jogos junto dos adversários. Quase sempre intransponível, e totalmente convertido à causa benfiquista!


Médio Interior Direito: Ramires
Ainda não tinha chegado a Portugal, e já havia clubes a quererem cobrir a sua cláusula de rescisão. O indiscutível do onze da selecção canarinha chegou em grande estilo, fazendo um início de época demolidor, tanto em golos como em futebol de ataque. Jogador muito intenso, que corre quilómetros, Ramires destacou-se pela consistência exibicional mesmo em períodos de menor fulgor físico. Vai para dois anos sem férias, e ainda vai jogar o Mundial no próximo mês. Fantástico.


Opção alternativa: Ruben Amorim
Grande época do nº 5, alternando muitas vezes entre o meio campo (onde chegou a jogar a trinco) e a defesa. Como interior direito, oferece soluções bastante diferentes de Ramires, mas também elas muito positivas para a equipa. Tem mais qualidade de posse de bola e mais inteligência posicional, o que compensa perfeitamente a menor intensidade de jogo face ao brasileiro. A meu ver, importante sobretudo contra equipas inteligentes a defender, onde a acção da mera repetição de jogadas não surte grande efeito.


Médio Interior Esquerdo: Angel Di Maria
Na realidade, Di Maria foi sempre um extremo no assimétrico esquema táctico do Benfica. E que época. O mais mágico dos jogadores que actuaram em Portugal nas últimas duas décadas, daquela estirpe genial de jogadores capazes de decidirem sozinhos todo e qualquer tipo de jogo. Com o controlo de bola tão típico dos mais geniais jogadores argentinos, Di Maria bateu muitas vezes sozinho defesas inteiras. Fartou-se de correr, de passar, de driblar, de marcar bolas paradas, de assistir e até de marcar. Foi o jogador da Liga com mais acções em campo, ao longo do ano. Jogador que nunca vira a cara à luta, que nunca desiste perante a adversidade... um predestinado!


Número 10: Pablo Aimar
Dou primazia a Aimar, mas nesta posição tanto ele como Martins dividiram de forma quase simétrica o protagonismo, e até o rendimento. O argentino fez sobretudo um arranque e uma conclusão de época em grande estilo. Inteligente, maduro, experiente, Aimar emprestou ao Benfica a classe que foi importante para resolver alguns momentos chave da época, como a recepção ao Sporting já na ponta final do campeonato. Faltou talvez rematar mais à baliza e ser mais consistente... mas felizmente, quando atravessou um período de forma pior, havia quem o rendesse com igual qualidade.


Opção alternativa: Carlos Martins
Apareceu em grande no período da época em que Aimar se apagou. Mais eléctrico, mais nervoso, mais batalhador, Martins foi fundamental em jogos de grande tensão. Foi vital em muitos momentos para acordar a equipa, para a espevitar e nunca desistir de procurar mais golos. Sempre procurando a sorte de meia distância (e que alcançou diversas vezes), foi também um Carlos Martins mais consistente do que aquele que se conhecia até este ano. Mais criterioso no passe (embora continue a arriscar muito neste capítulo) e muito mais consciente do limite para a adrenalina. Mantém-se sempre muito eléctrico, mas não a ponto de perder o controlo sobre as suas acções.


Avançado Solto: Javier Saviola
Que jogador... que jogador! Não se tivesse lesionado, e teria competido até ao fim com Di Maria pelo título de melhor jogador do campeonato. Mesmo em situações de menor inspiração, foi fundamental pelo papel táctico que tão bem desempenha. Por vezes fazendo quase de 2º número 10, outras vezes desdobrando os interiores/extremos do meio campo, muitas vezes na sombra de Cardozo espreitando os espaços vazios criados pelo paraguaio. Exímio nas trocas de bola, nas desmarcações e nas triangulações, foi decisivo para a vitória no campeonato.


Ponta de Lança: Oscar Cardozo
Dezanove anos depois, o Benfica volta a ter nas suas fileiras o melhor marcador do campeonato. 26 golos ao longo de 30 jornadas (e não participou em todas), são o cartão de visita de um ponta de lança que fez muito mais que marcar golos. Comportando-se como um autêntico pivot, exibiu uma qualidade de jogo que até aqui lhe era desconhecida. Guardando bem a bola, distribuindo-a com critério e aproveitando a sua excelente visão de jogo e poder de passe. Deu muito jogo à equipa, e muitos golos. Já é o 2º melhor marcador estrangeiro de sempre do Benfica, e ficando cá tem tudo para ser recordado como o melhor de sempre neste particular.

0 comentários:

Enviar um comentário