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segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Simplemente fútbol





Javier Saviola e Pablo Aimar: irmandande millionaria brilha na Luz, fazendo lembrar os velhos tempos no River.







É talvez dos momentos mais belos do futebol mundial. Ninguém reparou, ninguém deu por nada - para muita gente o futebol já não é paixão e romantismo - mas no verão de 2009 dois velhos conhecidos reencontraram-se em Lisboa. Para Pablito e Javier Pedro, tudo era como antes. Os dois juntos, uma bola, um campo, um grande clube. Desta vez, o maior de todos.


Não é fácil explicar aquilo que os une. Algo acontece quando entram em campo e começam a jogar el fútbol. O próprio Aimar o admite: "Lo primero que vejo cuando tengo la pelota é Saviola. No se porque, es algo que no tiene mucha explicación". Ou será que tem?


Há uns tempos atrás, um treinador chamado Manolo Preciado, personagem única no banco do S. Gijón, disse, antes de uma deslocação a Camp Nou, que para tirar a bola a  Xavi era preciso estudar álgebra. Pois eu, aplicando o mesmo princípio e bebendo um bocadinho da sabedoria de Manolo, digo que para entender a ligação entre Aimar e Saviola é preciso estudar genética. Genética futebolística. Uma espécie de herança transmitida de geração em geração aos chicos que vão crescendo nas escolas do River Plate. Herança essa que Pablito e Javier Pedro carregam e  transportam na perfeição. Em cada passe, em cada remate, em cada jogada entre ambos.


Não sei se ainda se fazem jogadores assim. Talvez não. Ver um jogo com eles em campo é, por esta altura, muito mais que ver onze jogadores atrás de uma bola. É a amizade, a paixão, a imaginação e a classe. Cada toque na bola é uma pausa no tempo. Tudo o resto deixa de interessar. Apenas as aventuras daqueles dois baixinhos vagueando pela cancha importam. Corremos com eles, fintamos com eles, chutamos com eles. Até que, subitamente, a agitação  se acentua. O barulho cresce e a emoção do golo chama-nos de volta.


Pablo Aimar e Javier Saviola são do que mais belo o futebol pode dar. Dois verdadeiros ídolos. A tranquilidade e a classe com que se exibem em campo é a mesma com que o fazem fora dele. A sua presença nos relvados é, por si só, um óasis no anti-romantismo que se vai vendo em muitos campos europeus. Eles são de outra era e estão apostados em eterniza-la. Em Lisboa. No Estádio da Luz. No Benfica. Eles são, simplemente fútbol. [link]

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