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sábado, 27 de março de 2010

O desafio que vem do Minho

Ninguém acreditaria que chegaríamos ao dia 27 de Março de 2010 com o título nacional a ser disputado por Benfica e Braga. Se o Benfica é a ordem natural das coisas a regressar ao futebol português, já o Braga é tanto mais improvável quanto nos apercebemos que está no encalce de um dos melhores "Benficas" das últimas três décadas. Impressionante, para uma equipa sem pergaminhos na competição.


Em confronto estarão duas filosofias de jogo quase opostas, mas as duas com uma eficácia impressionante nesta temporada. O Benfica mais exuberante, mais ofensivo, mais esmagador, mais campeão, que gosta de se instalar no meio campo adversário sem pedir licença. O Braga mais defensivo, mais cauteloso, mais cínico... com menos recursos e com menos jogos. Mas no que ao campeonato diz respeito, a distância que separa dois mundos tão distantes é de apenas três pontos. E portanto o jogo que se disputa no Estádio da Luz é de crucial importância. Como referiu Luisão na antevisão do jogo, é uma partida que vale seis pontos. A vitória benfiquista dá um empurrão decisivo para o título, a vitória dos minhotos pode dar a derradeira força para que o Braga alcance um feito inédito.


O Braga vem de uma interrupção de duas semanas, o Benfica chega ao jogo com uma semana de repouso de uma série infernal de jogos que disputou, e preparando-se para outra talvez ainda pior que vai começar. Tirará o Braga maior vantagem do repouso? Tirará o Benfica maior vantagem da embalagem competitiva que tem nesta fase? Os 90 minutos o dirão.


O Benfica tem de ter sobretudo cuidado com o contra-golpe. O Braga desta fase da época já não é a equipa que consegue dominar os adversários pela via da posse de bola, de jogar no meio campo adversário. É antes uma equipa que consegue defender de forma quase perfeita, aproveitando para lançar depois venenosos contra-ataques. Se o Benfica arranjar o antídoto certo para que os contra-ataques não surtam efeito, estou certo que por via do caudal ofensivo exuberante que deve novamente exibir conseguirá os três pontos. Chamo à atenção que Andrés Madrid, provável trinco do Braga, não se sente confortável com marcação a homens muito móveis, pelo que se o Benfica conseguir colocar na sua zona de acção além do nº 10 (Aimar ou Martins) o Saviola, tenho a certeza que se abrirá aí um filão importante para explorar.


Ramires ou Ruben Amorim fechando ao meio permitirá que o Benfica controle o jogo mais posicional de Hugo Viana e a maior criatividade de Mossoró/Luis Aguiar. Di Maria pode explorar a relativa fragilidade do flanco direito do Braga, onde Filipe Oliveira tarda em mostrar reais qualidades para ser titular do 2º classificado do campeonato, embora a preciosa ajuda de Alan normalmente acabe por suavizar esse défice. Mas se o Angelito estiver com o diabo no corpo, o Braga que se cuide...




Outra grande incógnita será a reacção do Braga ao ambiente. Estarão mais de 60.000 benfiquistas eufóricos nas bancadas, criando um gigantesco e avassalador ambiente. A última vez que o Braga enfrentou um ambiente semelhante (pela adversidade, não pela dimensão), foi no Porto - Braga em que saiu humilhado por claros 5-1. Estou certo que o Braga aprendeu a lição, que se apresentará de forma diferente e que os jogadores mentalmente estarão mais capacitados para enfrentar o público. Mas até que ponto o fantasma dessa goleada não será um contra-ponto à maior preparação da equipa para pisar o relvado da Luz?


O Benfica tem de entrar forte, asfixiando o adversário logo desde o início, aproveitando o empolgamento inicial do público que em conjunto com a pressão da equipa poderá ser decisivo para levar às cordas o Braga. E depois das duas uma: ou o Benfica concretiza cedo, e tem a passadeira estendida para os três pontos, ou vai passar as passas do Algarve para conseguir a vitória.


Força, Benfica!

1 comentários:

mais uma boa crónica.
Que se faça história!!!!!

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