Deixo-vos aqui as palavras daquele que considero ser, sem qualquer dúvida, o melhor blogger benfiquista da blogosfera. Partilho, neste momento e na íntegra, o sentimento que o autor colocou neste texto. Parabéns Ricardo!
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Acabo de assistir a uma das maiores palhaçadas desde que vejo futebol. Antes de qualquer outra coisa, entristece-me ver isto, esta patifaria entre jogadores e árbitros, dirigentes, técnicos, jornalistas, gente que pulula num campo de futebol. Só o adepto sai, mais uma e outra vez, lesado. Tenho testemunhos de benfiquistas que hoje foram ao jogo. Porque tinham fome e sede e vontade de Benfica. Acabaram por ter 35 minutos de miséria futebolística (não nos esqueçamos disto, já agora) e depois viram um circo no relvado. No fim, foram para casa. Aquelas crianças que ali estiveram viram o quê? Gente que foi pela primeira vez ao futebol, viu o quê exactamente? E voltará? Uma vergonha, tudo isto.
Falemos do árbitro, para despachar isto: não sei bem o que deu ao senhor mas aquela exibição circense, primeiro caindo, depois fingindo-se morto e no fim acabando com a mãozinha largando o cartão merecia prémio de representação. É possível que o bafo de Luisão o tenha deixado inerte mas ainda há diferença entre ser surpreendido e aquela figura patética. Depois levantou-se e foi para casa. Ainda bem: há vezes em que os actores cansam muito.
E de Javi? Muito mal, claro. Tinha acabado de ceifar um adversário, levado cartão amarelo e o que lhe apeteceu logo a seguir fazer foi entrar sobre o alemão de forma dúbia. Na verdade, tocou na bola e não me parece que, se o árbitro fosse alguém com alguma cultura futebolística (que claramente não tinha), devesse ter sido expulso. Mas aquele ímpeto descontrolado, falta de inteligência para entender os momentos em que o árbitro está mais apto a descontrolar-se e indefinição de prioridades não são novos no espanhol. Foi mal expulso, mas é bom que comece a aprender que em Portugal os árbitros são todos como este. Com o extra de trazerem muitas vezes a lição demasiadamente bem estudada. Também tem culpas no cartório.
E agora chegamos a Luisão. Eu peço desculpa aos verdadeiros benfiquistas, àqueles que defendem os jogadores do Benfica independentemente da merda que fizerem (olá, portistas; estes são vossos companheiros), mas não há forma de justificar a acção de Luisão, a menos que a comparemos com o João Pinto de 2002 ou com o outro João Pinto dos anos 90. Um encostão no árbitro, por muita fita do último, não se justifica e dá-me tristeza que muitos benfiquistas que passam a vida a justificar os insucessos desportivos dos últimos anos com a arbitragem e a forma como o Porto controla e subjuga os árbitros portugueses hoje venham desvalorizar a acção do capitão do Benfica. Bem sei que Vieira é uma tentativa (falhada) de Pinto da Costa. Mas não esperava que tantos benfiquistas acabassem por ser uma cópia fiel de tanta imoralidade que vive e convive nas argumentações absurdas dos portistas. Dá-me vergonha, na verdade. E não é esse o meu Benfica.
Por fim, os sorrisos e risos, gargalhadas e galhofeiras de todos os jogadores e técnicos do clube, aquando da interrupção de jogo. Bem sei que, de tão pouco que ganham, procuram compensar a crise com uma atitude descontraída e ligeira perante problemas tão menores, mas talvez não fosse desavisado, num momento em que o Benfica e o seu capitão podem ser severamente punidos, manter alguma dignidade e respeito. É que havia muitos benfiquistas no estádio. E havia muitos benfiquistas em casa, a ver o jogo. E outros que estavam no café, sedentos de Benfica. É possível que para vocês sejamos apenas mais uns clientes e uns tansos que vão ver jogos e aplaudir e gritar e cantar e apoiar e gastar o nosso dinheiro para vos ver com o símbolo mais bonito do Sistema Solar, mesmo quando não acreditamos que algum dia vocês sejam capazes de gerar alegria, mas ainda assim: se meterem a mão à boca façam-no por terem vergonha de estarem a dizer: "tenho vergonha desta palhaçada".