A admiração pela pessoa que é o Rui Rangel, a quem carinhosamente o tratam por "Presidente", é revelador de que, o agora Presidente da Lista B, é recebido bem em Lisboa, Freamunde ... na rua por onde passa. Com o seu ar de figura conhecida, a quem os populares se dirigem, um pouco ao estilo dos grandes Presidentes do Benfica do passado, lá vai ele destribuindo sorriso e apertos de mão ...sempre bem disposto.
A entrevista é do i ... e é o retrato do "Presidente" que não se mete em bicos dos pés, e que anda a mexer novamente com a esperança dos sócios.
Rui Rangel ao i: “Luís Filipe Vieira não gosta de futebol”
Com uma bola no pé e o verbo na ponta da língua, o juiz-desembargador diz de sua justiça a uma semana das eleições no Benfica
Entrar na sua sede de campanha em Campolide com uma camisa verde e
uma caneta verde não é problemático, nem pouco mais ou menos.
“Francamente, não se preocupe com isso”, responde-nos Rui Rangel
enquanto mastiga uma sandes e bebe um sumo sem gás. O candidato às
eleições presidenciais do Benfica é o dono da bola. E diz de sua
justiça. “Cuidado comigo”, enquanto tem a bola do isobre o pé
esquerdo. “Fui extremo-esquerdo e ainda hoje jogo futebol de cinco todos
os sábados no Casal Vistoso, nas Olaias, das 11h às 13h. É sempre a
andar, só se aceita uma paragem, no máximo de dez minutos.”
Enquanto a máquina dispara o fotógrafo e Rui Rangel dançam
alegremente numa zona ampla, decorada com o símbolo do Benfica numa
parede e com um poster de José Águas a levantar a Taça dos Campeões numa
outra.
“Querem ver como é? É assim.” Rangel domina a bola e parte desafiador
em direcção ao fotógrafo com dribles e mais dribles em passos curtos de
corrida. Depois pára, bebe mais um pouco do sumo e recomeça a brincar
com a bola, agora a dar toques com o pé esquerdo e também com o
direito._Um, dois, três, quatro... “Esta bola é pesada.”_Cinco, seis e
finito com a gravata vermelha a acompanhar o ritmo. “Assim não dá, a
bola nem salta.”
Lembramo-nos de Chalana, outro extremo-esquerdo, e Rui Rangel
lança-nos um olhar matador. “O Chalana [olha para a frente como se
estivesse a sonhar], que jogador. O que a malta se divertia a vê-lo a
correr por aquele corredor esquerdo do meio-campo até à área
contrária._As pessoas levantavam-se uma a uma e parecia a hola, sabe? De
repente todo o estádio estava de pé. Mesmo que não fosse golo.”
Enquanto dá mais toques, Rui Rangel fala do Benfica das finais
europeias. “Estive sempre lá, fui a Viena ver a final da Taça dos
Campeões-90 com o Milan, fui a Estugarda ver os penáltis com o PSV
Eindhoven em 1988, era o Benfica patrocinado pela FNAC. Só não fui a
Bruxelas ver a primeira mão da final da Taça UEFA-83, mas estive na Luz
para a decisão com o Anderlecht. Um jogo à tarde, estádio cheio, que
pena aquele 1-1.”
Bem, chega de paródia e vamos ao que interessa, numa sala com uma mesa oval e oito cadeiras.
A primeira fotografia à vista na sede de campanha é a da equipa invencível de 1973. O Rui Rangel é desse tempo?
Nasci em Angola e vim com 18 anos, em 1974. Fui jogador de futebol no
Benfica de Sá da Bandeira (hoje, Lubango). Por isso sou um presidente
que gosta, sabe e sente o futebol. Acompanhei sempre o Benfica de forma
activa.
O que recorda de Lisboa e da Luz?
Lembro-me do antigo estádio. Ia para o Terceiro Anel, com as
dificuldades que tinha na altura porque viemos, eu e a minha família,
com uma mala de roupa de Angola para aqui. Tenho um pai com 88 anos e
que é benfiquista de nascença, tal como toda a minha família, à excepção
de um irmão meu que é do Sporting. Tenho um filho com 25 anos que é
sócio do Benfica.
Lembra-se da sua estreia na Luz?
Ufff, lembro-me sim, de ver verdadeiros jogos da Taça dos Campeões,
em que o Benfica tinha uma cultura de vitória e em que o estádio estava
completamente cheio. Tenho uma vida pública ligada à cidadania e tenho
uma vida pública ligada a ser sócio de bancada, sofredor. É esse o meu
desígnio no Benfica, sempre, sempre a acompanhar o Benfica.
Alguma vez chorou pelo Benfica?
O meu filho chorava. Lembro-me de sofrer, porque sou uma pessoa
sentimental. E quando as coisas não correm bem entristece-me sempre e
apodera-se de mim uma revolta quando, por exemplo perdemos com o rival
do Norte. E quando o Benfica não se bate como batia no tempo do Eusébio,
do Chalana e do Veloso, com a garra e a mística benfiquista, dói e
custa. O Benfica pode ter uma dinâmica de vitória, com um futebol mais
sentido e mais aguerrido, mesmo contra um Barcelona ou um Manchester.
Falou no Barcelona. Foi ver esse jogo?
Sim, claro.
E como é que saiu?
Vi o treinador [Jorge Jesus] dizer que tinha gostado muito de ver o
Barcelona. Eu gostava de o ter visto a falar do Benfica. Ao contrário de
aqui há uns anos, que estivemos perto de liquidar o Barcelona [2005/06]
e só não conseguimos por causa da arbitragem… aí sentiu-se a alma
benfiquista. É preciso retomá-la.
Trazer a cultura de vitórias é o quê?
Em Freamunde poderia ter visto o jogo noutro lado, mas quis estar ao
pé dos adeptos. Houve um adepto que me disse que estava indeciso entre
as candidaturas mas fez questão de me dar os parabéns por ter a coragem
de ir a eleições contra alguém que está na estrutura há 12 anos. O
Benfica não se discute há 12 anos. E tanto é assim que esta lista de
Vieira nem sequer um programa apresentou aos sócios porque estava
convencida que ia novamente sozinha a votos. O Benfica faz negócios, mas
o Benfica não é negócios. O Benfica são pessoas, o Benfica é a massa
associativa mas está divorciado dela. O Benfica está mais pobre e as
pessoas que orbitam à volta do Benfica estão mais ricas.
Quem são essas pessoas?
Quem está nos destinos do Benfica. A liderança de Vieira tem pessoas
na comissão de honra que apregoam muito, como Manuel Alegre, a liberdade
de ideias mas depois revêem-se num candidato que se escusa a debater.
Estava marcado um debate entre Rui Gomes da Silva e o meu
vice--presidente, Cunha Leal, mas foi recusado. O Benfica continua a ser
a marca mais poderosa em Portugal. Sou benfiquista há mais de 27 anos,
estou cansado de ver as pessoas servirem-se do Benfica. O que é preciso é
servir o Benfica. Tenho uma cultura de honestidade, 30 anos de debate
público, não vim da Lua, não sou um extra-terrestre.
Foi ver algum jogo que tenha ficado na memória?
Os do campeonato, em que tudo ficava decidido no último jogo. Era preciso coragem para ir às Antas neste tipo de jogos.
Sofreu com isso?
Só o normal. Tenho uma visão diferente: os protagonistas são os
jogadores, não os presidentes. Os presidentes estão lá para liderar e
não podem ter discursos inflamatórios, discursos que potenciam violência
no futebol e noutras modalidades. Luís Filipe Vieira, como Pinto da
Costa, têm responsabilidade por terem diabolizado o futebol e por terem
criado uma lógica de discurso que não se vê em nenhum outro país.
Estava nos 7-1?
Sim.
E nos 6-3?
Também.
Dois dias de chuva.
De chuva e de sofrimento. A camisola do Benfica tem de ser sentida
pelos jogadores, mesmo que hoje jogue com 11 estrangeiros. O Benfica
passou do oito para o 80, o Benfica não pode ser uma plataforma de
compra e venda de jogadores. Tem de se ir buscar nomes importantes na
estrutura do Benfica que foram maltratados e corridos pelo clube, de
Veloso, Mozer, Chalana, Simões, Humberto... Hoje, em algumas
modalidades, o Benfica tem treinadores que não são do Benfica.
É sabido que Jorge Jesus não é do Benfica. O que é que isso lhe diz?
Se eu ganhar as eleições, será treinador do Benfica. Mas um treinador
do Benfica tem de estar associado a cultura de vitórias e de títulos,
mas títulos permanentes. Jesus é sportinguista mas vive muito o Benfica.
Agora esqueça Jorge Jesus. Se me disser que eu tenho um treinador de
qualidade e benfiquista e outro com a mesma qualidade mas que não é do
Benfica, irei sempre buscar o primeiro. É claro e inequívoco.
Porquê a insistência em nomear o FC Porto por rival do Norte?
A expressão rival não se usa no contexto de guerra, mas no sentido de
liderança. E neste momento, quer queiramos quer não, quem tem
inquietado o Benfica é o FC Porto. A dimensão do Benfica tem de inverter
isto. E é possível. Neste momento, o FC Porto tem organização: não fica
mal reconhecer isto. E o Benfica não tem. O presidente do Benfica não
pode estar em Portugal e amanhã em São Paulo a tratar dos seus negócios e
depois de amanhã em Moçambique a tratar dos seus negócios. Tem de ser
um presidente a tempo inteiro. Não se governa o Benfica nem por telefone
nem por ausências.
Ainda em relação ao FC Porto: o que propõe para acabar com as trocas de comunicados?
Quero inaugurar uma cultura de presidentes que estejam na retaguarda,
que não sejam as figuras do futebol. Que não tenham uma mensagem
trauliteira, mas uma de bem. Porque o Benfica deve estar na linha de
Borges Coutinho e Cosme Damião. Os presidentes assumem demasiado
protagonismo. Não contem comigo para isso: estou a chegar ao futebol com
uma vida limpa. Todas essas pessoas atiram pedras umas às outras porque
têm telhados de vidro. O futebol é uma festa, não é uma guerra, e há
coisas muito mais importantes na vida que o futebol. O país atravessa
uma crise grave, com um índice de desemprego elevadíssimo e pessoas a
sofrerem na pele, brutalmente.
E que medidas tem para não perder essa ligação com os sócios/adeptos?
As medidas que tenho são muito importantes [ajeita os óculos]. Tentar
estabelecer com o Instituto de Emprego e Formação Profissional uma
interface com o Benfica no sentido de ver quem são os benfiquistas
desempregados deste país. O Benfica tem de ter uma cultura social, de
responsabilidade social com a sua massa associativa. Tentar ajudar a
criar empregos para essas famílias e ajudar essas pessoas. E isto vai
ser feito. Nenhum sócio cairá comigo por ter dificuldades de pagar
quotas. E esta liderança de Luís Filipe Vieira não olha a isto nem nunca
olhou. Repare que eu falei nisto e agora já ouvi Vieira a dizer que vai
baixar as quotas. Há que tirar a Fundação do Benfica do anonimato.
Por falar em Luís Filipa Vieira insistentemente, que méritos vê…
… não falo insistentemente nem quero falar!
Mas que mérito vê nos seus mandatos?
Sou um homem de justiça, cultivo a fé e a verdade. No seu primeiro
mandato, o Benfica vem do caos chamado Vale e Azevedo. Mas as costas de
Vale e Azevedo não podem levar a que durante 12 anos se passe a vida a
invocar as costas de Vale e Azevedo. E nem é Luís Filipe Vieira... quem
começa a primeira recuperação de credibilização do Benfica junto das
instituições financeiras e dos parceiros, é Manuel Vilarinho. E isto
está a ser branqueado. O Luís Filipe Vieira tem o mérito de dar
continuidade, credibilizou e ajudou a criar o novo estádio. Estes são os
méritos e ninguém lhos pode tirar. Nem eu o faço. Agora, Luís Filipe
Vieira não gosta de futebol.
Porquê?
Não gosta, é público e notório. É como se diz em direito, os factos
públicos e notórios quase nem precisam de ser alegados, quase nem
precisam de evocação. Depois, o Benfica tem uma dívida gigantesca. E não
teve os consequentes resultados desportivos, os títulos. Portanto há
qualquer coisa aqui nesta gestão que não se percebe. O Benfica tem
contratualizados 95 jogadores. Curiosamente, repare, disse que o Sidnei
estava desaproveitado – custou 5 ou 7 milhões. Ontem, por acaso, puseram
o Sidnei a jogar. Disse que era preciso fazer--se uma interface entre a
equipa B e ontem, curiosamente, a utilização de três ou quatro jovens
da equipa B. Isto [dos 95 jogadores] significa sabe o quê? Uma cultura
de empresários, de muitas comissões.
Diz, na sua carta presidencial, que terminará imediatamente a
ligação contratual com todo e qualquer profissional que tenha algum
interesse no mercado de transferências, de passes de jogadores. Quer
dizer o quê?
Não vou fulanizar. Na minha direcção estão pessoas que conhecem a
realidade interna do Benfica. E essas pessoas estão perfeitamente
identificadas. Outra coisa que é fundamental para nós e que criou a
cultura da perpetuação do poder. Vamos convocar uma assembleia-geral
para que os sócios se pronunciem sobre a alteração dos estatutos. Não
faz sentido que se exija mais para ser presidente do Benfica do que para
Presidente da República.
Falava de jogadores que não são bem aproveitados...
O Sidnei, 7 milhões, está na equipa B. O Jara custou 5 milhões e não
se fixou. O Urreta, que nem sequer está inscrito, o Júlio César... há
muitos mais.
Mas falou de bons negócios. Entre eles, Javi García e Witsel?
O Witsel... diz-se que foi pago em duas prestações. Entraram primeiro
20 milhões e vão entrar depois mais 20. Mas é preciso saber quanto é
que entra nos cofres do Benfica. Se são mesmo os 40 milhões, que tipo de
comissões são pagas, como são pagas. Portanto, a cláusula de rescisão
não foi batida. Agora, pergunta-me, foi um bom negócio? Seguramente foi.
O Javi, 20 milhões? Aí já tenho dúvidas de que tenha sido um bom
negócio. Reconheço que houve valorizações, a transferência de Fábio
Coentrão... O problema é: esses bons negócios trouxeram títulos ao
Benfica? Não. Trouxeram mais dinheiro ao Benfica? Como, se temos uma
dívida brutal? Como, se por exemplo Stars Fund, o fundo de investimento,
é praticamente sustentado pela quotização dos sócios da Red Pass? Ou
seja, bons negócios, dinheiro que entrou... atenuou-se o passivo?
Atenuou-se a dívida? Isso fez com que se comprassem jogadores e tivesse
uma equipa líder do campeonato? Repare no que fez o rival do Norte. Não
gosto de falar nisso, mas tem de ser. Dizia-se que se vendia o Hulk e o
Moutinho. Veja lá se foram vendidos os dois! Foi só um e por acaso já
nem se dá pela falta, porque há o James. E o Moutinho, que para mim era
muito mais importante do que o Hulk, ficou lá. O Benfica são os títulos.
Luís Filipe Vieira está a construir o museu do Benfica, eu serei o
líder do Benfica que vai pôr lá os títulos e encher aquele museu com as
taças do Benfica. Mas é preciso emagrecer o Benfica. Nos seus quadros
intermédios há vencimentos que andam na casa dos 15, 20 e 30 mil euros.
Intermédios é o quê?
Directores disto, directores daquilo e etc. É preciso avaliar criteriosamente com base na auditoria.
Falava de Vale e Azevedo, cuja bandeira eleitoral era o regresso dos jogos à tarde. Isso é uma utopia?
Não é uma utopia. Honra seja feita, o Luís Filipe Vieira já realizou
alguns jogos dentro desse princípio. Era desejável, mas tudo isto tem de
ser articulado com os contratos televisivos, no sentido de salvaguardar
os interesses financeiros do Benfica.
A Sport TV está no caminho, não é?
Não sei em que estado está a Sport TV – não é assunto meu nem me
interessa. Interessa-me é que o Benfica não tem de estar amarrado a
nenhuma estrutura desportiva, não tem de estar amarrado à Sport TV. Não
conheço o contrato, preciso de o conhecer. Os direitos televisivos
andavam na casa dos 8 milhões, a oferta agora é de 22,5 milhões, mas
evidentemente que o Benfica tem hipótese de um melhor preço. Preciso de
conhecer o contrato com a Olivedesportos. Preciso de saber se já foram
iniciadas negociações, que tipo de negociações. Veja que foi o Benfica
que, com aquela decisão de ir procurar soluções até a nível de
plataformas internacionais, contribuiu mais para que houvesse um
melhoramento dos contratos televisivos do FC Porto e do Sporting, ao não
acautelar os seus próprios direitos.
O que fará se não for vantajoso?
Há plataformas internacionais. O Benfica tem grandeza suficiente, é
uma marca prestigiada para ir à procura de parcerias internacionais,
sempre na lógica do melhor preço para o Benfica. E é preciso discutir
hoje a Benfica TV. Toda a gente reconhece que a Benfica TV_nem sequer
tem tido uma cultura de dinamização junto dos sócios, de ter os sócios
ligados ao Benfica através do seu funcionamento. Precisa de ser muito
melhorada, muito aperfeiçoada. Com todo o respeito por muitos dos
profissionais que lá estão.
5 comentários:
que entrevista encomendada ridicula.
E se colocasses aqui a entrevista do LFV ao correio da manhã de hoje?
É que pelo menos o presidente do Benfica sabe o que diz e sabe do que fala...
Não tenho nada contra o Dr.Rangel, mas é gritante o facto que ele não serve para presidente de clube nenhum, quanto mais do Benfica.
Deixem de se ridicularizar.
Dia 26 vamos ver quem será o futuro presidente do SL Benfica. Ganhando um ou outro o que interessa é o nosso clube. A união entre todos deve ser cada vez maior nestes tempos complicados. Temos uma semana para pensar e decidir em quem votar. Apelo aqui todos os sócios a votar (quantos mais melhor) pois assim ninguém terá razão para criticar depois da eleição. Votem!, nem que seja em branco.
Carrega Benfica!!!
A união entre todos deve ser cada vez maior nestes tempos complicados. quanto mais do Benfica.
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