Que Benfica na Madeira?

22:20

sexta-feira, 24 Setembro de 2010 por trainmaniac

O Benfica vai à Madeira jogar com o Marítimo com uma série de interrogações a que Jesus terá de responder até à hora do jogo. Aimar e Amorim ficaram em Lisboa a debelar problemas físicos, David Luiz e Coentrão seguiram viagem mas estiveram a semana toda a treinar condicionados, e o jogo deste fim de semana tem, uma vez mais, características muito singulares. O Marítimo está a viver uma época de pesadelo, curiosamente depois de ter começado por fazer boa figura nas pré-eliminatórias de acesso à Liga Europa. Tal como o Benfica, tem sido ostensivamente prejudicado (e deliberadamente, não tenho dúvidas) pelas arbitragens, a ponto até de chegar a este jogo sem Kléber, expulso de forma no mínimo polémica no último jogo, e o jogador que ao fim e ao cabo causou toda a animosidade contra os insulares.


É impossível de saber se o Marítimo é nesta altura um adversário difícil ou não. Certamente amanhã não será prejudicado como tem sido, e esses prejuízos de jogos anteriores impedem-me de tirar uma conclusão sobre o seu valor. Serão mesmo fracos, ou terão na realidade valor para nos fazer frente, jogando em casa?




Quanto às ausências confirmadas no Benfica, importa referir que Aimar vinha sendo titular no Benfica. E que no último jogo disputado com o Sporting, quando ao intervalo foi necessário tirá-lo da equipa, Jesus escolheu, mesmo apesar de Gaitan (e sendo certo que não havia Salvio), Ruben Amorim. Ora, a alternativa principal a Aimar (e que permite colocar Martins a 10), também está lesionada. Aliás, começa a ser esquisito que Ruben Amorim esteja com tantos problemas físicos este ano. Dá a ideia, e confidenciam-me o mesmo em particular, que nunca chegou a recuperar a 100% das lesões, e tem jogado entretanto com sacrifício pessoal. Com efeito, no jogo com o Sporting, voltou a jogar com o joelho protegido e com uma protecção num dos ombros, conforme me comunicou uma pessoa que no final o viu tirar a camisola para oferecer ao público. O grave é que enquanto ele andar assim, o jogador mais polivalente do meio campo vai andar sempre neste entra e sai da equipa, nesta onda de lesões e sucessivas recuperações parciais. E num plantel tão escasso em opções para o meio campo, ter o mais polivalente de todos nesta condição física, é preocupante.


Jesus apostará em quem para este jogo? Lançará Martins a 10, e Gaitan na direita, mantendo Coentrão à esquerda e Peixoto a lateral? Apostará em Airton na meia direita, ou apostará em Airton alterando a equipa para um 4-3-3? São várias as opções, nenhuma delas a ideal. Tenho as maiores dúvidas sobre o rendimento de Peixoto num jogo destas características, pelo que me parece que seria recomendável nesta partida voltarmos a ter Coentrão na defesa. Sendo assim, no meio campo sobram as seguintes opções: Airton, Javi Garcia, Martins, Salvio e Gaitan. Excluo Peixoto destas contas, porque não tem andamento para um jogo que se prevê de sentido quase único, e obviamente Menezes, que ainda não provou a ninguém que é sequer um jogador de futebol.


Ora, sendo o meio campo obviamente o sector que define a forma de jogar da equipa, e pegando nas opções disponíveis, o melhor seria o 4-3-3. Javi mais posicional e recuado, Airton ligeiramente mais à frente fazendo um pouco o papel que Ramires e Amorim fizeram no jogo com o Everton na época passada, disputado em Liverpool, e depois Martins como nº 10. Na frente, Gaitan de um lado, Saviola do outro (bem sei... perde imenso assim) e Cardozo ao meio.


Como penso que Jesus vai na mesma manter o 4-1-3-2, acredito que jogará Peixoto na defesa, Coentrão no mesmo papel da semana passada, e depois provavelmente Javi Garcia mais atrás, Martins a nº 10, e Salvio na direita. Acredito que não fugirá muito disto, e francamente também não me pareceria desajustado. Como não acharia má ideia lançar Gaitan na direita em vez de Salvio, já que ele no Boca Juniors até fez mais vezes posições à direita do que à esquerda.


O enfoque da partida terá de ser novamente a pressão alta, isto apesar do jogo da Liga dos Campeões a meio da semana. Mas como o Benfica tem de jogar um jogo de cada vez, e como no campeonato está numa situação de pressão máxima, também a pressão a realizar durante o jogo tem de ser máxima, obrigando o adversário a errar próximo da sua baliza. Tanto Saviola como Cardozo deram indicadores claros no último jogo que parecem estar em subida de forma, o que a confirmar-se é de facto uma excelente notícia.


Também já li sobre a possibilidade de Gaitan actuar como nº 10, posição que conhece muito bem (e onde eu até diria que ele se sente mais confortável), com Martins à direita, mas não acredito que Jesus pondere isso, porque faltam as rotinas a Gaitan, e um armador de jogo tem de ser alguém perfeitamente identificado com a forma de jogar dos colegas que vai servir. E porque, no que toca às coberturas defensivas, estão os dois mais ou menos no mesmo patamar, portanto não seria por aí, na minha óptica, que surgiria o factor de desempate.


Bom, tudo isto parte do pressuposto de poderem jogar David Luiz e Coentrão, os tais que partiram para a Madeira em dúvida. A ausência de Coentrão sobretudo seria crítica, e sê-lo-ia sempre mesmo que houvesse Amorim e Aimar. Parece-me que alguém se esqueceu que o plantel precisava de mais algum agitador além de Coentrão, para o caso do caxineiro falhar...


Importa entrar com a mesma atitude e ambição da semana passada, e assim acredito que a vitória será nossa.


Uma última nota para o facto deste ser o primeiro jogo fora de portas desde que os órgãos sociais apelaram ao boicote dos adeptos aos jogos fora. O Benfica para este jogo já não pediu bilhetes, o que é bastante coerente. Mas confesso que aguardo com expectativa para ver se o Benfica se fará representar na tribuna presidencial, o que consideraria perfeitamente acéfalo. Ou é para se cumprir tudo, ou não se cumpre nada. E não vale a pena dizer que há representação ao mais alto nível porque o Marítimo é um clube amigo, porque se se fazem essas distinções, então o boicote aos jogos fora devia ser única e exclusivamente dirigido aos clubes que não alinhem connosco.

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