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segunda-feira, 29 de março de 2010

A Europa aqui tão perto

É já na quinta-feira que o Benfica recebe em sua casa o Liverpool, num histórico reencontro entre duas das mais míticas equipas do Mundo. A Catedral estará totalmente lotada para um confronto que tem tanto de decisivo como de épico, de intenso, de inolvidável. O ano de 2006 está ainda bem presente na cabeça de jogadores e adeptos das duas equipas, quando o Benfica eliminou os ingleses da Liga dos Campeões, então campeões europeus em título, com um total de 3-0 na eliminatória.

Quatro anos passaram, e muita coisa mudou. O Benfica tem um plantel incomparavelmente mais forte do que nessa altura, é incomparavelmente melhor treinado, e é portanto hoje em dia uma equipa que conseguirá de forma mais natural resultados como os que conseguiu na sua campanha europeia de 2006. Nessa altura, era uma equipa sobretudo defensiva e à espreita do erro adversário, baseando-se na luta e na garra para superar os seus adversários. Quatro anos volvidos, o Benfica mantém a capacidade de luta e de trabalho, mas acrescentou-lhe qualidade em praticamente todos os sectores, que lhe permitem demonstrações de força como a que todos vimos em Marselha, perante um adversário muito forte e num campo muito complicado.

O Liverpool, por seu lado, prossegue a travessia no deserto nas competições domésticas. Totalmente afastado da disputa das taças nacionais e do campeonato, eliminado da Liga dos Campeões, vê na Liga Europa a tábua de salvação de uma época desastrosa até ao momento. Ao contrário do Benfica, ainda sem grande folga no seu objectivo prioritário - o campeonato, o Liverpool jogará tudo nesta eliminatória. A sua equipa não tem a genialidade que tinha em 2006, muito por culpa também do desgaste do consulado do técnico Rafa Benítez, mais que nunca em causa pelos fracos resultados da sua liderança.


Se em 2006 um Benfica mais fraco que o actual venceu um Liverpool bem mais forte que o actual, será lícito dizer que o Benfica é favorito para esta eliminatória? Nada de mais errado, e a meu ver será uma eliminatória totalmente diferente da de 2006. O Benfica, por muito que tenha ganho legítimas aspirações europeias reforçadas com o avanço pontual no campeonato conseguido no passado sábado, continua a não ter na Liga Europa o seu primeiro objectivo. Nem pode ter, enquanto o campeonato não estiver selado. Portanto, o Benfica tentará, sem prejuízo dos futuros encontros para o campeonato, ultrapassar o Liverpool, mas sem loucuras. Já o Liverpool, está mais debilitado mas tem um traquejo europeu que, queira-se ou não, o Benfica ainda não tem. E apesar de isso ainda não se ter notado este ano (aplicável às duas equipas, aliás), facto é que se deve contar com essa hipótese numa qualquer situação de jogo. É o Liverpool que vai apostar tudo nestes dois jogos, a começar com o jogo de quinta-feira. Portanto, eu consideraria que os pratos da balança estão perfeitamente equilibrados, em teoria.


Essencial na Luz é não sofrer golos. Muito cuidado que é na frente de ataque que está o grande perigo deste Liverpool, sobretudo na pele de Fernando Torres, um dos melhores avançados do mundo. Se o Benfica conseguir manter o jogo longe da sua área, é meio caminho andado para ter sucesso. A linha defensiva do Liverpool cede se for colocada sob pressão, e para isso é fundamental que os nossos jogadores mais ofensivos apareçam em bom nível. Falo de Saviola, Cardozo, Aimar (que estou convicto substituirá Martins no 11 titular) e mesmo Di Maria... qualquer um deles menos fulgurante nos últimos jogos, mas todos eles com grandes responsabilidades na decisão da eliminatória.


Uma alternativa que me passa pela cabeça, e que creio que poderia vingar, seria apostar num meio campo com Di Maria à esquerda, Amorim à direita, e Ramires a jogar ligeiramente à frente de Javi Garcia. O Benfica ganharia mais poder de pressão e de recuperação de bola, e não perderia muito em criatividade e capacidade de decisão, sobretudo se Saviola aparecer em bom plano a vir buscar jogo mais atrás, como lhe é habitual. Seria ao mesmo tempo uma solução capaz de contrariar o meio campo poderoso do Liverpool, onde Lucas, Mascherano e Gerrard por exemplo formam um trio de respeito, respondendo com um linha de centrocampistas capazes de responder com a mesma intensidade e competência.


Esta eliminatória vem numa altura chata. Porque estou ciente que se viesse duas semanas mais tarde, o Benfica estaria em condições de assumir totalmente o risco e batalhar pela Liga Europa como se do seu principal objectivo se tratasse. Assim, e tendo dois jogos do campeonato complicados, e que a meu ver poderão selar o campeonato, intercalados nesta eliminatória, o Benfica ver-se-á forçado a gerir o seu esforço. Mas passando o Liverpool, e correndo bem o campeonato como espero que corra, o Benfica terá escancaradas as portas da Europa.


Façam-me sonhar!

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