Fantástico, exuberante, esmagador, sublime... assim foi o Benfica de ontem, na primeira final da época que disputou, batendo sem apelo nem agravo o Porto por 3-0, na final da Taça da Liga. O Benfica, em clara gestão de esforço, foi demais para o seu adversário e venceu de forma inequívoca, e pela segunda vez consecutiva, este troféu.
O onze escalado por Jorge Jesus foi o seguinte: Quim, Fábio Coentrão, David Luiz, Luisão, Maxi Pereira, Airton, Di Maria, Carlos Martins, Ruben Amorim, Aimar e Kardec. A equipa nunca procurou acelerar muito o ritmo, até porque viu claramente que o seu futebol lhe permitia dominar o encontro sem corridas desenfreadas. É já uma marca da maturidade competitiva que a equipa atingiu, já não sentindo uma sôfrega necessidade de dar tudo por tudo durante os jogos para os controlar, evitando assim desperdícios energéticos que podem ser fatais em jogos posteriores.
O jogo começou bem para o Porto, com Rodriguez a obrigar Quim a uma defesa apertada. Juntamente com um lance de Falcao ainda na primeira parte, foi o único lance de perigo do Porto em toda a partida. Praticamente na resposta, Ruben Amorim remata de longe e à figura de Nuno, que dá um frango monumental e permite ao Benfica adiantar-se no marcador. E uma vez mais, o Benfica marcando primeiro não dá a mínima hipótese ao adversário de recuperar no jogo. Apesar de ceder o domínio territorial ao Porto, muito por culpa da ausência de Saviola que assim não permitiu ao Benfica desequilibrar mais vezes em terrenos mais adiantados, os momentos defensivos foram todos impecavelmente geridos. Faltou mais acutilância no ataque, mas ainda assim sobretudo Carlos Martins e Ruben Amorim foram garantindo pressão contínua sobre o meio campo defensivo do Porto.
O avançado mais perigoso do Porto foi sempre Jorge Sousa, o árbitro da partida. Com a parcialidade angustiante que lhe é reconhecida, foi limitando o jogo assinalando faltas a meio campo com o critério que se lhe conhece, anulando ataques ao Benfica e promovendo ataques portistas da forma que lhe convinha, poupando amarelos e vermelhos a jogadores do Porto, mesmo em agressões mais que evidentes como foram as de Bruno Alves e Raul Meireles, por exemplo. O critério foi tão evidente, que rapidamente amarelou Ramires por cortar um contra-ataque na 2ª parte, mas em situação semelhante e apenas cinco minutos depois, poupou Meireles à mesma sanção.
Mas regressando ao primeiro tempo, foi com naturalidade que o Benfica chegou ao 2-0. Livre directo superiormente marcado por um inspiradíssimo Martins a por um ponto final na discussão do jogo, se é que isso esteve alguma vez em discussão tamanha a superioridade benfiquista. O Benfica voltou para a 2ª parte ainda mais relaxado, mas podia ter marcado logo nos instantes iniciais. Focou-se mais na gestão da posse de bola, com o triângulo Airton, Carlos Martins e Ruben Amorim em enorme destaque, omnipresentes em campo e distribuindo sempre bem a bola. Jogou-se quase sempre no meio campo portista, o que revela bem o sentido de jogo. Jesus lançou ainda Ramires, Saviola e Cardozo para os lugares de Carlos Martins, Aimar e Kardec, e o Benfica dominou ainda mais. Saviola no seu habitual papel de todo-o-terreno no ataque criou mais espaços para o aparecimento de Di Maria por exemplo, que acusou claramente algum desgaste físico.
Ainda houve tempo para o 3-0, numa combinação espectacular entre Ramires, Saviola e Amorim, que culminou num golo de Cardozo a fechar a contagem. Grande resultado sobre o principal rival interno do Benfica, garantido mais um troféu e festa rija para os benfiquistas que lotaram o Estádio do Algarve. A desproporção de adeptos foi evidente, cabendo aos benfiquistas pelo menos 80% da lotação do Estádio, comprovando o carácter verdadeiramente unificador do Benfica em Portugal, e o carácter meramente regionalista do Porto, sem expressão noutras regiões do país.
Do lado do Benfica houve novamente a destacar óptimas exibições, com Airton, Carlos Martins e Ruben Amorim à cabeça. David Luiz também foi um diabo à solta, tanto na defesa como em acções defensivas. Destacaria Kardec, numa luta difícil e desigual que travou com Bruno Alves, a dar água pela barba aos centrais portistas e conseguindo algumas arrancadas interessantes, protegendo sempre bem a posse de bola e abrindo espaços na defesa. Saiu totalmente esgotado.
Jorge Jesus acertou em cheio nas mudanças que promoveu, na estratégia de poupança do plantel e na gestão das emoções, como o comprova a altura em que o árbitro apitou para intervalo. Garantiu-se uma Taça sem por em causa os grandes objectivos da época, o que é notável. A vitória clara sobre o Porto é, quanto a mim, o sinal de que o futebol português pode estar a preparar-se para viver uma nova hegemonia. Saiba o Benfica gerir o seu sucesso...
Agora é preparar a equipa para o jogo crucial com o Braga. Força, Benfica!
Foto: SL Benfica
1 comentários:
Destaco o facto do avançado mais perigoso do Porto ter sido o Jorge Sousa!
Tendencioso do 1º ao último minuto.
Vergonhoso!
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