Parece finalmente ter-se feito alguma luz nos dirigentes do Benfica em relação ao futuro de Maxi Pereira no clube, fazendo fé no que dizem os jornais. O vínculo que liga Maxi ao Benfica, e que expira já em 2012, será em princípio prolongado até 2014 ou 2015, com a respectiva e mais do que justa revisão salarial.
No dia em que se confirmar o acordo (se se confirmar...), será para mim uma grande alegria. O futebol e o Benfica em particular são para mim uma forma de estar na vida, e a mercantilização crescente tanto do futebol como do Benfica vai ofuscando o mérito de quem não dá nas vistas, de quem não enche as revistas cor de rosa, de quem não faz um estardalhaço em campo só para tentar fintar um adversário.
Mas o Maxi não é um jogador qualquer. Não o conhecendo, adivinho-lhe uma personalidade forte, vincada e lúcida. Iniciando a época 2008/09 com o rótulo de dispensável e odiado por boa parte da massa adepta, foi jogar para o seu lugar de sempre - defesa direito. E aí, sem ceder à pressão e controlando a ansiedade, foi provando a todos a sua qualidade. Um pulmão capaz de aguentar 120 minutos em alta rotação, e mais minutos de jogo houvessem, mais ele jogaria. Irascível na marcação aos adversários, um verdadeiro tractor quando embala rumo ao ataque.
Para mim o Maxi é o protótipo do jogador super eficaz, super compenetrado, super dedicado e profissional, que abdica por completo do seu brilho individual para fazer brilhar o colectivo. E como gosto de jogadores assim! É o Veloso do século XXI, e acreditem que não o digo inconscientemente.
O Maxi, apesar de Uruguaio, é um pouco a imagem daquilo que sempre foi o Benfica. Um clube humilde, cujas raízes talvez não antecipassem grandes vôos, feito de gente trabalhadora, honesta e que sempre fez da superação uma forma chave de se impor. O Maxi tem tudo isso. Tem a crença, a raça, a abnegação, a dedicação, a qualidade e a consciência do que vale o trabalho na carreira de um futebolista. Respeita os adeptos, faz por merecer a camisola que veste, faz de cada jogo o último da sua vida, e corre enquanto houver pelo menos um adepto na bancada que não dê o jogo por terminado.
Recordo hoje duas frases marcantes do uruguaio numa entrevista já com algum tempo. Disse que quando chegou ao clube, quis ir visitar o Museu por sua iniciativa. Para se inteirar da história, para conhecer os grandes nomes do Benfica, para perceber o que fizeram eles ao serviço do clube. Ao fim e ao cabo, para se inteirar do peso da responsabilidade em envergar esta camisola. Esta é uma atitude de um jogador que pretende mais do que fazer boa figura... é de alguém que abraça o clube consciente da grande oportunidade que está a viver. A outra, foi a de dizer que como não está tocado por alguma varinha mágica que lhe dê o talento inato que dá a outras estrelas, compensa não se autorizando a ficar cansado durante um jogo. Por muito que lhe custe, dá sempre um bocado mais e só pára com o apito final.
Apesar da grande acção dele no Benfica ser defensiva, o grande espírito que vejo no Maxi fica bem patente nas suas incursões pelo lado direito, rumo à área adversária. Já o vimos rematar de longa distância, já o vimos tirar cruzamentos milimétricos a partir da linha lateral, e já o vimos até a finalizar à ponta de lança na pequena área. Enquanto desejo que a renovação se concretize e que possamos guardar um jogador que já é hoje em dia um importante bastião da mística do Benfica deste século, relembro dois pontapés em especial. O golo ao Milão marcado na sua primeira época na Luz, e o golo o ano passado em Marselha.
O golo em Marselha foi épico. O Benfica estava a realizar uma das melhores exibições que já vi uma equipa portuguesa fazer na Europa, em casa do fortíssimo Marselha que semanas depois se sagrou campeão francês. Em jogo jogado, o Benfica aniquilou os franceses. Mas no resultado, sofríamos um duro revés com o avanço no marcador conseguido pelos franceses. E já nos últimos minutos, na ressaca de um canto, aparece Maxi Pereira embalado de trás... e aplicando todo o seu balanço no pé direito, levou a bola a beijar as redes da baliza. Aquele disparo a 35 metros não deu inteira justiça ao resultado (só alcançada com mais um golo, de Kardec), mas evitou o que seria a maior injustiça da época. Maxi deu corpo à fantástica exibição da equipa, deu voz à revolta que sentíamos por estarmos em desvantagem após uma exibição majestosa. Resolveu com raça aquilo que a equipa não tinha conseguido resolver com a técnica de craques como Saviola ou Cardozo. Maxi encheu o coração, concentrou a força dos benfiquistas que torciam por ele naquele momento, e disparou um remate que nenhum guarda-redes podia ter defendido. Não se trata de trajectória, colocação ou força. Mas aquele remate levava o selo do Benfica... e ninguém pára a alma benfiquista.
Vem-me à memória aquela célebre frase: "honra o símbolo que transportas no peito, e o nome que ostentas nas costas será lembrado para sempre". Assim será. Maxi Pereira honra e muito o Benfica, e o seu nome independentemente do que nos traga o futuro, já ficará muito justamente escrito a dourado na história do clube como mais um dos muitos que ajudaram este clube a ser grande, e a ser o que é em paixão, valores, mística e galhardia.
Obrigado Maxi pelo que já deste ao clube, e espero que possas continuar muitos mais anos.
4 comentários:
Excelente post. Concordo com cada palavra. O Maxi é realmente um dos nossos. A renovação de contrato é mais que obrigatória.
Apesar deste ano estar mais lento e faltoso, é um dos jogadores que mais luta e empresta espírito guerreiro à equipa.
A sua raça motiva os colegas, e a sua presença em campo é fundamental!
Excelente notícia caso se venha a confirmar!
O jogador que mais kms correu no mundial, sempre jogando bem!
Diz muito da sua entrega.
Eu amo o S. L. BENFICA por jogadores como o Maxi...
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