Algumas notas sobre o relatório e contas do primeiro semestre 2010/2011 da actividade da SAD do Benfica:
- Aumento das quotizações mesmo com a equipa de futebol numa forma terrível no início do campeonato, e mesmo num cenário de grande crise como se vive no país;
- Expressiva diminuição das receitas de bilheteira;
- Aumento dos proveitos com os Redpass;
- Aumento de 3 milhões de € da massa salarial, em relação ao mesmo período da época 2009/2010;
- Explosão dos custos financeiros, que quase triplicaram. Um aumento explicado quase por inteiro pelo aumento das dívidas e pelo aumento das taxas de juro praticadas;
- Benfica comprou por 2,5M€ a opção de compra para poder ficar com Salvio. Caso não a accione, essa opção converte automaticamente em 20% do passe, que ficará então na posse do Benfica;
- Até agora o Benfica regista um proveito de 26,25M€ com a transferência de Di Maria. Faltam realizar 9,75M€ dos 11M€ variáveis previstos.
Foram gastos mais 4,2 milhões em jogadores no mês de Janeiro, o que significa que o despesismo continua, e não há qualquer inversão da política para já. O que é suicidário, visto que os encargos com a crescente dívida estão a asfixiar completamente a performance económica da SAD. No segundo semestre é de prever que esses encargos subam ainda mais, com o aumento recorde das taxas de juro devido à situação financeira que o país atravessa. A redução do passivo exigível tem de ser uma prioridade, e isso só se consegue com uma diminuição no número de contratações, e com vendas criteriosas.
As vendas de jogadores (três titulares do ano passado em meio ano!) serviram apenas para evitar empréstimos de equilíbrio de tesouraria, não serviram ainda minimamente para começar a contrair o passivo. Se não forem tomadas medidas para uma melhor gestão dos activos, tendo em vista a redução da dívida e como consequência a redução dos encargos daí derivados, o Benfica poderá ter no futuro que continuar a vender titulares indiscutíveis sem conseguir escolher o momento para os vender. O que será sem dúvida danoso em termos desportivos.
Muitos motivos de preocupação, que merecem a maior reflexão e uma rápida inversão das políticas de gestão.
3 comentários:
Não estarás a confundir os juros da dívida pública com os juros da dívida bancária? É que são duas coisas completamente diferentes.
Os custos totais do Benfica em relação aos proveitos totais (exceptuando as vendas de jogadores) são 84%, a comparar com 128% do Porto e 124% do Sporting. Por aqui se vê que estes estão muito mais dependentes dos proveitos extraordinários (vendas de jogadores) do que o Benfica está. Penso que neste 2º semestre os proveitos das assistências serão bem maiores. :-))
Mas concordo, é urgente diminuir os encargos bancários.
Introduzi a questão dos juros da dívida nacional, uma vez que tal influencia as taxas a que acedem as nossas instituições bancárias, e por consequência as taxas que depois elas praticam junto dos seus clientes - como o Benfica.
Em relação a Porto e Sporting, sempre disse e mantenho que é assunto que não me preocupa minimamente. Para mim o ideal seria que eles tivessem ainda mais dependentes de vendas extraordinárias.
De resto a minha única preocupação é o Benfica, e no Benfica muito pode (e tem) de ser feito para melhorar a nossa performance económica, pois ela condiciona inelutavelmente a performance desportiva no médio/longo prazo.
As receitas de quotização são comparadas às do ano passado, pela natureza da analise financeira.
De certo modo, é lógico o aumento (em relação ao mesmo período do ano passado), uma vez que a campanha no campeonato fez aderir muitos sócios. No entanto, para se perceber se sócios deixaram ou não de pagar as quotas é mais correcto olhar para o numero de pagantes do final do exercício.
E aí aparece dados completamente estranhos. Pelos números apresentados nos relatórios semestrais, as previsões apontariam para um receita perto dos 11 milhões de euros (só da parte revertida do Clube para a SAD). Coisa que não vai acontecer, deverá rondar os 9 milhões (este ano). Não tenho muitas duvidas de que os dirigentes mentem deliberadamente nestes números, ou se quiserem, na maneira de os apresentar. Isto com a clara intenção de promover um associativismo forte e incondicional. Ou é isso ou desviam dinheiro. Portanto, prefiro considerar que apenas são mentirosos.
Olhando para as receitas de quotização anuais, e para as do semestre que segue, algo não bate certo. Ou em apenas 6 meses o numero de sócios pagantes praticamente duplicou (visão romântica, mas pouco provável...), ou os dirigentes acharam engraçado incluir antecipadamente as receitas dos sócios correspondentes que, boa parte, pagam anualmente (visão com mais fundamento...).
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