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terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Barcelona vs Benfica: a maldição do «Wankdorf» e a conquista de Berna

FOTOGRAFIA: EFE
Quando a maldição do «Wankdorf» e a tenacidade dos jogadores «encarnados» lograram ao Benfica a primeira Taça dos Campeões Europeus da sua história. Não perca, esta quarta-feira pelas 19:45, o decisivo jogo entre Barcelona e Benfica a contar para a fase de grupos da Liga dos Campeões.

1 de Junho de 1961, Lisboa. Eram quase 19 horas e a expectativa na sala era grande. Excepcionalmente, a Rádio Televisão Portuguesa começava a sua emissão mais cedo a fim de transmitir uma reportagem em directo de um acontecimento inédito e bastante especial. No dia anterior, no Wankdorf Stadium em Berna, uma bravíssima equipa do Benfica tinha colocado o futebol português no topo da Europa ao vencer o Barcelona na final da Taça dos Campeões Europeus por três bolas a duas. Essa brilhante equipa «encarnada» chegava ao aeroporto de Lisboa pouco depois das 19 e 30.

31 de Maio de 1961, Berna. Após um período de bastante frio, o bom tempo voltara à cidade mesmo a tempo da tão aguardada final. Benfica e Barcelona defrontavam-se num «Wankdorf» que se esperava lotado, tal como acontecera anos antes na final do Mundial de 1954 perdida pela Hungria de Puskas e Hidkeguti frente à Alemanha Ocidental por… três bolas a duas (ah, as coincidências). Coincidências? Sim. À altura, duas das principais peças daquela fabulosa geração húngara – campeã olímpica em 1952 e vice-campeã do mundo em 1954 – jogavam precisamente no Barcelona e davam pelo nome de Kocsis e Czibor. Para eles, como se veria no final, a maldição do «Wankdorf» continuava bem viva e até parecia querer rir-se deles.

 Os blaugrana, era reconhecido por todos, possuíam um ataque fabuloso. Dispostas num «WM» que na altura já ia dando lugar a um mais vulgar «4-2-4», das onze peças do conjunto espanhol destacava-se o quinteto ofensivo que perfazia o «W». Kocsis, o interior direito, era quase um avançado, fazendo lembrar os anos dourados da Hungria 54 devido às constantes combinações com o brasileiro Evaristo, emulador do papel de Hidkeguti como – quase - «falso 9». Nas alas do ataque, os húngaros Kubala e Czibor partiam da direita e da esquerda respectivamente, desbaratando qualquer defesa e abrindo espaço para as incursões do maestro Luis Suarez, o interior esquerdo da equipa que, já era público, sairia do clube no final da época para jogar no Inter de Milão, pagando os italianos… 25 milhões de pesetas.

O Barcelona era, por estas e por outras, tido como o grande favorito; estas, sim, porque o ataque era, como se disse, verdadeiramente fabuloso; outras, também, porque após cinco títulos consecutivos o Real Madrid tinha finalmente caído na prova num apaixonante duelo com esta equipa nos quartos-de-final e isso era, só por si, um feito irresistível. Assim, quando o jogo se iniciou e a prática pareceu querer confirmar a teoria na perfeição ninguém se mostrou surpreendido. Os catalães, fazendo uso da notável mobilidade do seu ataque, imprimiram ao jogo uma toada verdadeiramente arrasadora que lançou o pânico no sector mais recuado da equipa portuguesa. As chances de muito perigo acumulavam-se e o massacre blaugrana nos vinte minutos iniciais culminou fatalmente em golo, apesar dos valiosos esforços de Mário João (em cima da linha) e Costa Pereira no evitar da festa espanhola. O maestro Luis Suarez cruzou para o segundo poste e Kocsis – talvez um dos melhores cabeceadores de todos os tempos – fez o de sempre para colocar o Barcelona à frente do marcador. Um-zero. A vantagem não inibiu o domínio catalão e, quando ninguém esperava, a partida modificou-se radicalmente numa daquelas aleatoriedades tão pródigas do jogo que dá pelo nome de futebol. Após solicitação de Coluna, numa das suas iniciativas pelo vértice esquerdo do «W», Cavém tirou um impecável centro que provocou a primeira decepção nas hostes catalãs. A inoportuna saída do «portero» Ramallets abriu caminho para que a bola se dirigisse para a baliza deserta, não sem que antes José Águas, pelo sim pelo não, lhe desse o toque final confirmando a igualdade. Um-a-um. Dois minutos depois, a superioridade benfiquista naquilo que tinha sido o factor aleatório do jogo até ali materializou-se ainda mais. Um balão de Neto seguido de uma infeliz intervenção de Verges levaram a bola a encaminhar-se para a baliza; esta, passando por cima do desafortunado Ramallets, bateu no poste esquerdo e deslizou junto à linha de baliza. O árbitro, por sinal bem colocado, não hesitou em confirmar um golo que José Águas celebrou imediatamente e que realmente aconteceu. Entre os blaugrana pouco se reclamou e o jogo seguiu, correctamente, com o Benfica em vantagem. Dois-a-um. Até ao intervalo nenhuma surpresa. O jogo foi seguindo equilibrado, com Coluna a deixar o aviso do que seria a sua segunda parte e o Barcelona aqui e ali a aproximar-se do empate, tendo Neto salvado os comandados de Béla Guttmann ao interceptar mais um cabeceamento de Kocsis sobre a linha de golo.
FOTOGRAFIA: GETTY IMAGES
O recomeço confirmou os sinais do fim da primeira metade e mostrou um Benfica mais equilibrado, em contraste a um Barcelona menos afoito no ataque. Dez minutos passados, o imenso Mário Coluna, já recuperado do choque com um adversário que o deixou sem sentidos durante alguns minutos no início da partida, rubricou um dos mais espectaculares momentos do jogo ao desferir um portentoso remate de primeira que bateu inapelavelmente o guarda-redes Ramallets. Um golaço a vinte metros da baliza e três-a-um para o Benfica. Sim, contra todas as expectativas o Benfica tinha a taça na mão. Com a tranquilidade do resultado, os encarnados tentaram consolidar ainda mais a vantagem, mas foram, pouco a pouco, sucumbindo e recuando perante a pressão catalã. Ainda antes do golo de Czibor que colocaria três-a-dois no placar, o Barcelona confirmou a má fortuna daquela tarde-noite ao desperdiçar oportunidades incríveis pelo excesso de pontaria de Evaristo e Kubala. Três vezes beijou a bola os postes da baliza de Costa Pereira, duas delas no mesmo lance. A 10 minutos do fim, surgiu a quarta bola no ferro, desta vez num grande remate de Czibor que simbolizou o triunfo da tenacidade benfiquista sobre a técnica e a mobilidade catalã. Conta a lenda que foi este festival de bolas rechaçadas pelos postes que levou a FIFA a adoptar, nos anos seguintes, as balizas com postes cilíndricos e não quadrados, como até ali.

Os bravíssimos jogadores «encarnados» jamais acreditaram na realidade que sugeria a supremacia evidente do Barcelona e, apoiados numa tremenda ambição e vontade de vencer, fizeram história e trouxeram a primeira Taça dos Campeões Europeus para o clube, confirmada, como se sabe, no ano seguinte. Para o Barcelona, a derrota foi uma das mais dolorosas da sua história tendo os seus adeptos que esperar mais de 30 anos pela primeira Taça dos Campeões. Entre eles, os húngaros Kocsis e Czibor eram os expoentes máximos do desgosto catalão. É que depois do doloroso três-a-dois da final do Mundial de 1954, seguiu-se o doloroso três-a-dois da final da Taça dos Campeões de 1961. Czibor, no final do jogo, não tinha dúvidas: - “Nunca mais ponho os pés neste maldito estádio”. Desgosto de uns, festa de outros; em Lisboa, ninguém se queixou da maldição do «Wankdorf».


5 comentários:

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Obrigado

Cumprimentos
Tiago Wemans

Polémicos arbitrajes que padeció el Real Madrid de Don Alfredo di Stéfano (A Seta Loira) en las semifinales con el Barça (platinato y villarato "avant-la-lettre"?)

Ahora más y más gente como el fútbol ~
camisetas de fútbol es el amor de todos los aficionados al fútbol, ¿estás de acuerdo conmigo?
ha estado apoyando!

Eu gostei dos dois times!
Mas eu prefiro Barcelona clube!

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