O Benfica que sai de Braga

O Benfica empatou em Braga, o resultado mais interessante que Jesus já lá conseguiu, e segue na liderança repartida do campeonato com o Porto, e com o Sporting a um ponto.

O jogo voltou a ficar marcado por singularidades em que o nosso futebol português é profícuo, como electricistas a controlarem o ritmo do jogo ou um sócio do Benfica a não hesitar minimamente em marcar penalties mais que discutíveis contra o Benfica e fazendo vista grossa a evidentes grandes penalidades a nosso favor. Nada de novo de alguém com muito pouca personalidade, e alguém que proporei numa próxima AG do clube para ser expulso.

Mas futebolisticamente, que Benfica saiu de Braga?

Bom, na realidade, saiu o mesmo Benfica que já havia saído do embaraçoso empate caseiro com o Basileia. Face à exibição e às contingências de que já falei, o empate foi um excelente resultado. Só ditámos o ritmo de jogo até à primeira interrupção de jogo (o que dá, sensivelmente, 25 minutos), e daí até final foi um suplício perfeitamente ao nível dos jogos anteriores.

De positivo do jogo destaco além dos centrais e do guarda-redes, já repetentes nestas coisas, o bom regresso do Javi Garcia ao onze (é logo outra música, claramente), o ingresso de Ruben Amorim no meio campo (belo jogo, mesmo quando foi enviado para... extremo esquerdo) e a boa exibição de Gaitan nos primeiros 45 minutos, antes de ser tirado de jogo devido a uma indisposição. Ainda faço justiça a Aimar, que desinspirado foi muitas vezes o único a remar contra a maré e, claro, Rodrigo... que nos deu o precioso empate.

Tudo o resto, individual e colectivamente, foi mau demais. A equipa defensivamente vive do brilhantismo de alguns dos seus jogadores (e hoje com a reentrada de Javi na equipa isto ficou bem visível), e sofre quando o processo colectivo se mostra demasiado débil. Ofensivamente, sem ideias, sem rasgo, sem vontade (ou sem pernas). Aimar começou o jogo demasiado adiantado (outra vez), e quando recuou para vir buscar jogo, deparou-se com uma equipa a jogar numa velocidade diferente, bem abaixo da sua, sem fornecer linhas de passe, apoios, tabelas... nada. Um pouco também na linha do que fez o excelente Gaitan na primeira parte, em que sozinho ia destruindo a defesa do Braga, mas quase sempre sem ajuda para melhor conclusão dos lances.

As bolas paradas ofensivas são demasiado deprimentes. Somos a equipa do campeonato com mais cantos, e não há forma de algum resultar sequer em perigo. Além de uma desinspiração gritante dos jogadores escolhidos para baterem estes lances (hoje, Aimar), a forma como trabalhamos estes lances é para lá de ridícula. Estou farto de bolas cortadas quando se pedem cruzamentos tensos para a entrada da pequena área. Muitas vezes na simplicidade mora a virtude, e é pena que Jesus continue a não perceber isto.

A forma física da equipa continua uma verdadeira desgraça. O Jesus escusa de ter mais tiradas deselegantes em conferências de imprensa para tentar tapar o que está à vista de todos quando vemos um jogador como o Witsel completamente incapaz de acelerar, seja com ou sem bola. O belga foi aliás, e de longe, o pior elemento em campo, no que é mais um duplo mistério. Por um lado, como é que um jogador conhecido pela sua intensidade de jogo faz tantos jogos consecutivos a este ritmo, e por outro como é que o treinador insiste nele a titular (e durante 90 minutos) quando tem à sua disposição um plantel recheado de opções (pelo menos nas suas próprias palavras).

O que sai de Braga é que o Benfica é líder depois de já ter ido ao Dragão e a Braga. Isto por si só é muito positivo. Mas os sinais que irradiam do futebol apresentado deixam-me altamente preocupado, porque isto de conseguir resultados bons/menos maus mesmo a jogar mal não dura para sempre, e no campeonato desequilibrado que temos, não nos podemos dar ao luxo de perder pontos estupidamente.

PS: Mais um jogo vergonhoso em que o nosso presidente se senta ao lado de António Salvador, um dos seus amigos preferenciais. O ano passado desde atletas atingidos por bolas de golfe até adeptos benfiquistas agredidos por stewards contratados pelo Braga, valeu tudo, e no final o nosso presidente ainda veio desresponsabilizar o seu amigo pessoal e presidente do Braga, António Salvador. Este ano será ou mais do mesmo, ou então um ensurdecedor silêncio. Eu não tenho memória curta, e cada vez mais acho que uma das principais figuras do sistema do futebol português mora na Luz. E actua em nosso desfavor.

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