Chama Gloriosa Chalkboard é uma nova rubrica no blog onde iremos analisar lances, jogadas ou momentos dos jogos do Benfica que, apesar de importantes, passam normalmente despercebidos a um olhar menos atento.
Um das limitações do Benfica 11-12 está relacionada com o comportamento defensivo do corredor central quando a equipa se organiza numa estrutura com duas linhas de quatro (4x4x1x1 ou 4x4x2 clássico). A equipa pressiona em 3 linhas, havendo, no entanto, alguns problemas relacionados com a coerência de cada uma delas no que respeita ao pressing. O resultado tem sido uma exposição recorrente do espaço entre sectores na zona central (um espaço muito valioso), com o duplo pivot a ser ultrapassado inúmeras vezes e a linha defensiva a ter que lidar com situações difíceis de controlar. Jorge Jesus tem procurado corrigir o problema com a introdução de Aimar na linha avançada. O argentino não só revela uma maior agressividade e reactividade no pressing quando comparado com Saviola, como se mostra ainda constantemente preocupado com o espaço nas suas costas. Existe, porém, uma outra possibilidade para minimizar o problema, relacionada com o comportamento do ala que se encontra do lado contrário à bola. No jogo com o Man Utd, foi evidente a importância desta solução no travar de duas jogadas potencialmente perigosas da equipa inglesa.
A jogada inicia-se com Rodrigo e Aimar a pressionar a primeira fase de construção do Man Utd e Phil Jones a solicitar um dos pivots no primeiro passe (Michael Carrick).
Carrick recebe a bola com o campo fechado e Witsel antevê a situação (está é, provavelmente, uma das referências que o belga tem para sair a pressionar) e acelera de forma agressiva sobre o inglês.
O insucesso da investida de Witsel (Carrick, mesmo em dificuldades, consegue colocar a bola em Valencia) e o comportamento de Javi Garcia expõem imediatamente o espaço entrelinhas, uma vez que a linha defensiva, preocupada com a liberdade de Valencia, mantém naturalmente um controlo da profundidade e não se adianta no terreno. Valencia percepciona rapidamente a situação e procura solicitar Ashley Young nesse mesmo espaço e só a boa resposta de Nico Gaitán a fechar no meio impede uma jogada potencialmente perigosa para a baliza de Artur.
Confira o lance em tempo real:
4 comentários:
Bom trabalho. O Witsel já lá estava no entanto. A situação podia ser atenuada se o JJ trabalhasse o 433 mas ele prefere o 442 classico.
AM_SLB: Potencialmente, a mudança para uma estrutura com 3 médios resolveria o problema, mas certamente traria outros. É preciso tempo e uma adaptação da parte de todos (equipa técnica e jogadores) para operacionalizar no treino todos os pormenores da nova forma de jogar. E depois há a convicção do Jesus e o estar a trocar algo com qualidade por algo que não sabemos se vai ter o mesmo sucesso.
O Witsel estava lá, mas chegou tarde. Se o Nico se mantém aberto o Young ia por ali fora de frente para a última linha, situação muito difícil de controlar.
Obrigado pelo comentário. :)
Por mais próximos que os jogadores estejam no processo defensivo, convém que estejam os 11 jogadores no máximo da sua concentração para evitar estes desequilíbrios.
Talvez por estes detalhes é que o Quaresma quase não joga na Selecção e o Nolito não é titular no Benfica.
oO: Exacto. Muitas vezes são estas questões de pormenor, que escapam ao adepto, que fazem o treinador "preferir" um jogador a outro. Mas é sempre mais fácil ficar refém do óbvio, dos nossos gostos pessoais, e chamar burro e teimoso a quem decide em vez de tentar perceber o porquê da decisão.
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