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segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Canto dos convidados Far(away)

Dados os factos ocorridos durante a semana que passou, e visto que o nosso convidado para esta semana já se adiantou no seu post, optamos por publicar já o seu brilhante artigo. 


Maior surpresa e iniciado do ano na pretérita temporada do Serbenfiquista. o amigo Far(away) fará esta edição especial do nosso Canto dos convidados, sucedendo assim ao artigo do Matavelhos.


Fica aqui um post bastante bem elaborado, onde muito mais que colocar o dedo na ferida, tenta abrir os olhos a todos os Benfiquistas.






 Prevenir para não remediar

Chegados à quinta jornada do campeonato, e perante aquele que foi o pior  começo de época de toda a história do Benfica nesta competição, os sócios e  simpatizantes do clube começam a acordar para uma realidade nada de acordo com  aquilo que todos queríamos aquando do início da temporada. Três derrotas em  quatro jogos possíveis é um registo demasiado pesado para um plantel que  ambiciona revalidar o título e a margem de erro vai sendo cada vez mais  reduzida, mesmo que 4 jornadas apenas tenham passado.
Será importante pararmos  todos para pensar, e quando digo todos, digo direcção, técnicos, jogadores e  adeptos. Porque este mau começo não se deve apenas às más arbitragens, nem elas  podem ser sempre o escape para os maus resultados, embora o jogo no Afonso  Henriques tenha-nos mostrado de que o «sistema» ainda está bem vivo e pronto a  alcançar os seus fins. Voltarei a este tema mais adiante.

Muito se poderia dizer sobre a má preparação do clube no defeso, e muitas  linhas foram já escritas sobre esse assunto.  O plantel tem mais soluções  ofensivas, mas não tem mais soluções para as lacunas que existiam na equipa e  aqui reside um erro óbvio no que toca ao fortalecimento do plantel. Como que  uma criança estivesse com gripe, e a mãe lhe cortasse o cabelo ou lhe desse um  novo brinquedo em vez de a levar a um médico.
 Como poderemos ficar mais fortes  se não atacamos os nossos pontos mais débeis, no caso as laterais e falta de  alternativas para os titulares, o médio que pudesse fazer de Ramires para além  de Amorim, e um extremo, mais um para além de Salvio (uma vez que decidimos  emprestar Urreta) que pudesse ser o abre latas que Di Maria conseguiu ser  muitas vezes. Nem vou aboradar a questão do guarda redes...
 A juntar a isto, o  clima de indefinição vivido a volta de alguns jogadores que tinham sido  cruciais na temporada transacta, no que toca às suas possíveis saídas (Cardozo,  David Luiz, Luisão são os exemplos que quero referir) não deram ao plantel a  tranquilidade necessária para abordar de forma correcta uma nova época. Nem os  próprios jogadores pareceram sempre estar com a cabeça no clube. E foi com este  mau clima à volta da equipa que começamos por defrontar a Académica na primeira  jornada, com o resultado que se conhece e essa núvem negra estendeu-se até ao  presente com excepção da vitória sobre o Setúbal.

O Benfica e os seus dirigentes podem de facto legitimamente afirmarem de que  temos razões de queixa da arbitragem, e que isso influenciou os resultados da  equipa, o último jogo para a liga foi bem exemplo disso, mas isso não pode fazer-nos  esquecer dos erros cometidos e do que não pode ser repetido no futuro. É preciso  perceber que mais do que criticar a arbitragem, é preciso o clube tomar as  necessárias medidas para que exibições como aquela do Olegário Bequerença em  Guimarães possam cada vez menos ser uma realidade. Essas medidas não passam a  meu ver por dar apoio a um ex dirigente portista para a presidência da Liga. 
Se  o clube não conseguiu formar uma alternativa a Fernando Gomes, devia ter tido  uma posição neutral neste processo e salvaguardar as devidas distâncias em  relação a tal candidatura, sabendo as reservas que os benfiquistas têm de forma  legítima diga-se sobre qualquer ex dirigente do clube azul e branco, clube esse  envolvido em múltiplas suspeitas de corrupção na arbitragem - o mesmo clube que  aparentemente não deu apoio nenhum a qualquer candidatura. Não se pode lutar  contra o «sistema» e ao mesmo tempo darem-se oportunidades para que ele se  multiplique, ou então estaremos a criar um ciclo vicioso onde se combatem os sintomas  apenas e nunca a doença.

Por outro lado, e passado tanto tempo desde que Dias da Cunha teve a coragem  de revelar publicamente que as três caras do «sistema» eram Pinto da Costa,  Valentim Loureiro e Gilberto Madaíl, e após uma luta levado a cabo quase  exclusivamente pelo Benfica e seu presidente no que toca a combater a podridão  do futebol português, torna-se contraditório ver Luís Filipe Vieira agora,  afirmar em alto em bom som a sua defesa em relação a Madaíl, como o fez  recentemente numa entrevista dada a SIC, mesmo que seja num processo relativo  ao  seleccionador nacional e seu despedimento. Mais do que isso apontou  baterias contra um membro do governo no caso o secretário de estado do desporto  Laurentino Dias, figura que particularmente desgosto também, e com isso de uma  assentada cometeu na minha óptica dois erros: por um lado deu a Gilberto Madail  algum ar para respirar, algo incompreensível para quem esteve sempre empenhado  em lutar contra os 
lobbies do futebol  português e ninguém duvida que Madaíl faz parte desseslobbies, e por outro atacou um membro do estado que terá sempre a  sua influência quer na liga quer na federação, e uma entidade com a qual o  Sport Lisboa e Benfica enquanto clube devia ter sempre o cuidado de ter uma  relação se não muito positiva, estável e o mais cordial possível, mesmo que  tenha algumas razões de queixa no passado com Laurentino Dias por causa do caso  «Nuno Assis».

Perante tudo isto, penso que a estratégia do Benfica para credibilizar o  mundo do futebol português e particularmente da arbitragem não tem sido a mais  correcta, e alguns dos ventos que agora estamos a colher podem ter sido  semeados por nós mesmos, num passado não muito distante. Cometido que está o  erro do apoio do Benfica a Fernando Gomes à presidência da Liga, seria  importante o clube empenhar-se a fundo para encontrar uma solução,  personificada numa candidatuta credível à presidência da Federação Portuguesa  de Futebol, pois os poderes do futebol português passarão em breve a estar mais  na federação novamente e não tanto na Liga de clubes.
Será um erro tremendo o  Benfica não envolver-se de forma séria neste assunto e agir de forma passiva  perante ele - o futebol português precisa de ar puro no seu dirigismo, e cabe  ao Benfica contribuir para isso e dessa forma estará indirectamente a  contribuir para que alguns acasos" benquerençes"  deixem de acontecer, não tenham dúvidas.
 Não podemos de forma alguma querer  saltar de um avião sem o devido paraquedas, ou deixar que alguém nos roube esse  instrumento vital para o salto, ou então a queda será forte e feia. O Benfica  tem os meios para poder garantir a sanidade mental ou parte dela do futebol  português. É tempo de aplicar devidamente esses meios, sempre pela luta da  verdade desportiva e contra os maus hábitos deste nosso futebol português. É  isso que nos distingue dos outros – lutamos com as armas certas, e não a todo o  custo, mas lutamos, sem nunca nunca cessar nessa luta. E Pluribus Unum.

P.S. Foi com agrado que aceitei o convite de participar neste cantinho, desde  já estou grato pelo convite. Participar num espaço como este, para o Benfica e  pelo Benfica é sempre um prazer.

7 comentários:

Excelente artigo far.
Muito obrigado por teres aceite colaborar com a gente, da nossa parte foi um prazer.

No seguimento de alguns bons posts que se vê em blogs benfiquistas, este complementa bem aquilo que eu penso sobre o assunto.
façamo-nos ouvir SLB!

Um artigo que dá que pensar aos mais optimistas. Vai também de encontro aquilo que eu penso. Há-que ser mais pro-activo e menos reactivo.

Bom artigo Far. Grande abraço.

Os convites são feitos apenas a amigos ou também users que comentem no chama?

Lido e relido só quero dizer uma coisa. Bom artigo!
Abraço

Obrigado a todos pelo feedback, foi um prazer poder dizer o que penso neste espaço. Um abraço a todos.

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