O convidado desta semana é conhecido por ser um acérrimo lutador pelo ecletismo, um dos membros com mais anos de casa na comunidade Serbenfiquista.com, eis a crónica do Amigo das Modalidades.
Porque o Benfica não é só Futebol…
Durante os dias que se sucederam ao convite que me foi dirigido para escrever esta crónica, hesitei sobre o caminho a tomar, o assunto a abordar, dentro da temática enquadrada, as modalidades do nosso SL Benfica. Depois de reflectir, optei por fazer um comentário geral, globalizado daquilo que tem vindo a ser a realidade das modalidades para o benfiquista.
Há vários anos que desenvolvi o culto dos pavilhões, com uma família “específica” que veio desde o mítico Pavilhão nº1 por debaixo do Terceiro Anel, para os actuais e modernos pavilhões da Luz. E falo de uma família específica, porque as modalidades caíram nessa tendência nos últimos, muito por culpa de um fenómeno global de desinteresse pelo espectáculo desportivo que se instalou em Portugal.
Se durante algum tempo existiam factores que levassem a isso, agora não há, falando para quem cultivava o culto do pavilhões há dez anos, porque para já o preço dos bilhetes baixou, a introdução da quota das modalidades deixa tudo uma “pechincha”, ao ponto de bastar ver 2(!) jogos em casa por mês de modalidades (entre as 5, estamos a falar de um número que varia de 8 a 15), além que nas alturas decisivas (em que todos aparecem…) garantem sempre bilhete, uma vez que a venda é exclusiva nos primeiros momentos.
Uma coisa que me orgulha bastante no SL Benfica, é que depois de fases mais ou menos instáveis, a aposta nas modalidades é uma certeza, e um dever que o clube deve cumprir, com rigor orçamental e desportivo. O Benfica tem de jogar sempre para ganhar, seja lá onde for, e tem de ter armas para isso. Este culto do pavilhão não se restringe à Luz, por esse país fora a visita do Benfica seja lá em que modalidade for é um motivo de festa, e isso assim continuará, para sempre. Há contudo aspectos que carecem de melhorias (como sempre), desde a burocracia que é a venda de bilhetes para os jogos na Luz (os computadores são lentos e estúpidos, deixando saudades do tempo em que entregando o dinheiro na bilheteira, levantava-se o mágico papel do ingresso), sem esquecer a parvoíce dos lugares marcados (o preço é igual para todos, logo quem chega primeiro, senta-se onde quer…) como a calendarização dos próprios jogos (mais jogos seguidos de modalidades permitem que as pessoas mais depressa fiquem para todos do que só para um), e a fundamental ligação aos jogos em casa no Estádio, que desapareceu e quando fugazmente aparece, é com intervalos absurdos de duas ou três horas entre o fim da modalidade e o inicio do futebol. E estou só a falar do ponto de vista do adepto…
Fazendo uma breve introdução ao que poderá a nova temporada 2010/2011 trazer ao Benfica, esta época tem tudo para ser mais um passo certo rumo a (mais títulos):
Basquetebol
A palavra chave será continuidade, plantel quase todo igual, saindo um mercenário, mais a inevitável saída de um americano, situações colmatadas por contratações criteriosas, de jogadores de provas dadas em Portugal ou excelente recomendados por alguns dos melhores profissionais que serviram o clube nos últimos anos. Assim sendo, tudo pronto para a conquista do tri-campeonato, onde o FC Porto será o grande rival, com o desafio de atacar a Taça de Portugal, já que a Taça Hugo dos Santos continua a ser uma “filha bastarda” da Taça da Liga, e não continua fazer muito sentido no actual quadro competitivo.
Claro está que, depois destes objectivos prioritários, este ano há essa ambição europeia, que ficou bem patente na eliminatória de acesso, brilhantemente ultrapassada em solo ucraniano. Acima de tudo, é um prémio para estes jogadores, e um grande “rebuçado” para os adeptos, os mais velhos saudosos dos tempos áureos de há 20 anos atrás, infelizmente irrecuperáveis. Mas dá sempre para matar o bichinho…
Futsal
Passando para os campeões europeus, e convém dizer isto muitas vezes, o nosso futsal procura corrigir a pedra no sapato que ficou da temporada passada, que foi a perda do titulo nacional. A equipa sofreu mudanças, ficou ferida com a saída do génio Ricardinho, arranjou outras soluções e mudou também no comando técnico, numa aposta ponderada e que terá sempre de merecer o benefício da dúvida, porque esta secção tem sido bem gerida nos últimos, com os títulos a falar por si.
Os primeiros jogos já permitiram ver que apesar de ainda haver muito caminho para percorrer, já se vê trabalho, ideias novas, com o crescimento a ter de ser gradual, indo ganhando sempre, pois nesta modalidade, em seis edições do Play-off, nas seis saiu vencedor o 1ºclassificado na fase regular… Acreditando ainda que falta um retoque à equipa, que acredito chegará na altura do mercado de inverno, ficaremos com um plantel muito forte, capaz de resistir a qualquer eventualidade.
Andebol
Passando para o andebol, eis uma modalidade que nos últimos recuperou um relevo no clube que não tinha há muitos anos, culminado com o título de 2007/2008, mas ferida com as últimas épocas, em que os falhanços foram sendo sucessivos, e sempre com uma desculpabilização irritante, com o seu ponto máximo na idiota saga com a Faculdade de Desporto do Porto, mais a renovação por três (!!) anos com o treinador, quando a politica reinante nos últimos anos (para treinadores e jogadores) tem sido contratos curtos, opção avisada por factores desportivos e económicos, que nunca podem andar dissociados. Mas focando no que interessa, esta época a mensagem que passou é que tudo está resolvido, e que “agora sim, há condições”, sendo que o inicio de época já trouxe aquele sabor agridoce, com uma derrota escusada na Horta, e uma vitória com classe em Braga.
Indo somando pontos, o final da primeira volta traz uma série de jogos complicada, será um teste importante, para uma equipa que precisa de ser muito constante, pois é de todas as modalidades, aquela que encontra um campeonato mais nivelado, isto é, em que existem mais equipas com condições económicas e desportivas para serem rivais, e onde as equipas “mais pequenas” estão mais bem apetrechadas a nível da qualidade dos seus jogadores para complicar a vida aos “grandes”! Esperar para ver, numa temporada em que o falhanço não será tolerável!
Voleibol
No que toca ao Voleibol, este ano tem de esquecer a enorme frustração que ficou da temporada passada, em que a equipa esteve a um passo de tudo e ficou sem nada. Este ano marca também uma mudança de paradigma, uma vez que (finalmente!) o Benfica conseguiu trazer para Lisboa os dois internacionais portugueses de maior valia que mais têm brilhando internamente nas últimas épocas: Hugo Gaspar e Flávio Cruz. E falar de voleibol é falar sempre de uma modalidade que parece regional, em que o Benfica é posto quase que ao nível das equipas insulares, face à ausência de equipas na primeira divisão num raio de… 300 km, Esmoriz e Espinho são mesmo as equipas “mais próximas de Lisboa”.
Mantendo a base do bom bloco do ano passado, o Benfica renovou os seus entradas (privilegiando a recepção) e trocando de libero, posição que carece de uma figura desde a saída de Carlos Teixeira. Rafinha é aposta segura, como já deu para ver! A expectativa é por isso máxima, a confiança em José Jardim ilimitada. Um exemplo raro, uma verdadeira figura do Benfica.
Hóquei em Patins
Para fechar, o Hóquei, que aparece renascido, não só depois do triunfo na Taça de Portugal, o primeiro titulo em oito (!) anos, bem como a Supertaça, esta por ter sido sobre o arqui-rival e dominador absoluto dos últimos anos, FC Porto. Na única modalidade cujo campeão se encontra em 30 jornadas em fase única, a regularidade é fundamental. E o Benfica, reforçado com um trio de grandes jogadores, Tuco Abalos, Cacau e Luís Viana, aparece com um plantel fortíssimo, como me arrisco mesmo a dizer, provavelmente nunca teve, em número e qualidade. Estão reunidas as condições para voltar a ser campeão, 13 anos volvidos sobre o último título, uma travessia demasiado longa para o Benfica.
Além de ser campeão, a Taça CERS tem de surgir também como objectivo para ganhar, já que o enquadramento é favorável e sobretudo, o plantel tem profundidade suficiente que permita gerir os diversos jogos. Numa modalidade corrompida e desacreditada, se o Benfica voltar às grandes conquistas, é dado o primeiro passo para a limpeza. E é tempo de acabar com as desculpas, jogando melhor e sem medo, não há razão para mais fracassos. A expectativa é enorme!
É então de esperanças renovadas e reais, que um benfiquista convicto vos convida a viverem ainda mais o Benfica, porque o Benfica não é só futebol…
2 comentários:
É uma fantástica dávida aquela que a BenficaTV nos dá ao transmitir imensos jogos do nosso clube.
Felizmente o cenário para o futuro parece de sucesso.
Grande texto.
estamos no bom caminho
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