FOTO: DIÁRIO DE LISBOA
Um famoso jantar em Bruxelas e a estreia europeia do treinador principal Toni. Não perca, esta terça-feira pelas 19:45, a partida entre o Benfica e o Anderlecht a contar para a fase de grupos da Liga dos Campeões.
A brisa soprava forte naquela gélida noite na capital belga.
Era princípio de Fevereiro e junto à Grand Place um homem vestido com um
sobretudo negro acenava a um táxi que passava. Entrou rapidamente protegendo-se
da chuva que se abatia sem piedade sobre a calçada, deu o nome do restaurante
ao taxista e dirigiu os seus pensamentos para aquilo a que dedicou toda a sua
vida: o Sport Lisboa e Benfica. No restaurante, o seu interlocutor já o esperava
para um «um jantar de bons amigos» em que o futebol seria o principal tema de
conversa.
Quando Toni e Goethals apertaram a mão antes do início do
primeiro embate entre Benfica e Anderlecht nos quartos-de-final da Taça dos
Campeões Europeus sorriram ao recordar aquele jantar em Bruxelas. Na altura do encontro
entre os dois, o ex-técnico do V. Guimarães e dos Diables Rouges estava longe de pensar que seria treinador do Anderlecht
poucos dias depois, substituindo Georges Leekens no comando da histórica equipa
belga: «Se Toni soubesse que eu viria a ser técnico do Anderlecht teria sem
dúvida ficado calado ao jantar», disse um lacónico "Raymond-la-Science"
na antevisão da partida. Teria Toni, sem querer, aberto demasiado o jogo?
Talvez; a verdade é que o início da partida no Estádio da Luz não
deixou margem para quaisquer veleidades em relação à curiosidade que envolveu
os dois treinadores antes do apito inicial. Em 30 minutos iniciais absolutamente fascinantes
o Benfica sufocou e intimidou um cotado Anderlecht sob a batuta do brasileiro
Elzo, permanentemente em acção no solicitar do «jogo de linha» dos
serpenteantes Chiquinho e Pacheco. Com tal caudal ofensivo, o ceder da muralha belga seria apenas uma questão de tempo e assim aconteceu; primeiro foi Magnusson, vindo das alturas, a
dizer «sim» a um cruzamento de Pacheco e, logo de seguida, em cópia quase
perfeita mas do lado contrário, foi Chiquinho a responder de forma repentina a
um centro de Rui Águas. Em três minutos o Benfica fazia dois golos e
conquistava uma vantagem importante na estreia europeia do agora treinador
principal Toni, uma vez que o resultado iria permanecer assim até ao
final, graças a um impecável Silvino e não obstante os esforços do «tall guy»
Magnusson e do comandante Diamantino.
No «parlamento do futebol», com dois golos de vantagem na
bagagem, os Benfiquistas tiveram a confirmação de um Benfica para a Europa,
slogan de campanha do Presidente João Santos. É certo que o Benfica sofreu
durante todo o jogo. É certo que o Benfica perdeu mercê de um golo de
Gudjohnsen na marcação de um livre directo que puniu uma intervenção de Silvino
com as mãos já fora da grande área. É certo que naquela noite foi maior o
empenho e a determinação do que o acerto a trocar a redondinha. É certo que a
chapelada de Diamantino pouco antes do golo belga merecia melhor sorte. Mas
também é certo que a derrota por um-zero teve o paladar de uma saborosa
vitória. No final do jogo, dezenas de bandeiras encarnadas erguiam-se ao alto
no bonito anfiteatro belga onde entre os trinta e oito mil espectadores, os
benfiquistas faziam a festa ao som de Benfica! Benfica! Benfica! Estava vingada
a final da Taça UEFA de 1983, mas este Benfica queria mais e só pararia na
final de Estugarda onde apenas Van Breukelen travaria a coragem e o sonho do capitão Veloso.
TEXTO BASEADO E ADAPTADO DAS EDIÇÕES DO DIÁRIO DE LISBOA DOS DIAS 03/03/1988 e 17/03/1988.
TEXTO BASEADO E ADAPTADO DAS EDIÇÕES DO DIÁRIO DE LISBOA DOS DIAS 03/03/1988 e 17/03/1988.
1 comentários:
Puesto bastante bueno. Me tropecé con su blog y quería decir que realmente he disfrutado de la lectura de su blog. De cualquier manera voy a suscribirse a su feed y espero que publique pronto
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