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quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Chama Gloriosa Chalkboard: a evolução posicional de Matic

FOTO: SL BENFICA

Javi saiu em busca dos petrodólares e da fama de Manchester (sem ressentimentos, Javi) e a nação Benfiquista entrou em erupção. A equipa ficava sem um dos elementos fundamentais da sua manobra defensiva e sem substituto à altura. Matic nunca convenceu a generalidade dos adeptos enquanto alternativa ao espanhol e nos últimos dias de Agosto era o sérvio o único médio defensivo do plantel benfiquista. Razão para drama? Aparentemente sim, mas talvez não tanto como na altura se deu a entender.


Matic não é ainda o médio defensivo perfeito (Javi também não o era), mas a sua evolução em termos posicionais é notória, embora subtil para a maioria dos adeptos. No Benfica de Jesus, o "6" tem um papel crucial nas acções defensivas da equipa, essencialmente no que respeita à complementaridade com os centrais e laterais, tendo como base a ideia do treinador em manter sempre que possível uma (última) linha de cobertura e de protecção da baliza composta por quatro elementos. E é neste aspecto que Matic deixa cada vez menos a desejar em relação a Javi; o sérvio interpreta cada vez melhor as situações-problema impostas pelo jogo e reage correctamente e segundo as acções dos colegas. O jogo de Barcelos foi apenas mais um capítulo nesta sua evolução como médio defensivo.

E aspectos menos bons? Também os há, claro. Matic tem aparentado alguns problemas na abordagem a lances aéreos que têm resultado em intercepções falhadas e duelos perdidos, para além de alguma falta de agressividade e de vários erros técnicos ao nível do corte/passe/recepção que, na minha opinião, limitam a percepção do seu valor por parte dos adeptos. Situações a melhorar, sim, mas que não beliscam demasiado a evolução e a qualidade que o jogador tem mostrado na função. Num próximo jogo do Benfica convido-vos a dividir a vossa atenção entre aquilo que acontece com a bola - e que é mais evidente - e o que acontece sem ela, dando uma atenção especial ao comportamento de Matic nos momentos em que os centrais saem de posição porque, parecendo que não, isto também é futebol em todo o seu esplendor.

No vídeo abaixo, algumas situações do jogo com o Gil Vicente onde a capacidade posicional do sérvio ficou evidente:




11 comentários:

Gostaria de congratulá-lo pelo óptimo post de investigação jornalística coerente e bem fundamentado.

Mas considero-o especialmente relevante porque se trata de um jogador que é sistematicamente visado por alguma massa adepta sedenta de criar "bestas negras" todos os anos (Emerson, Roberto, Cardozo).
E essa lógica destrutiva é tão endémica e cega que num ano em que o plantel não tem grandes pontos fracos (como é o caso deste ano) tem de se inventar um mau jogador mesmo que ele não exista.

Acrescento que o Matic tem o potencial de superar o Javi na disputa de bola e no corte aéreo (por ser mais corpulento) e na construção ofensiva já supera, na qualidade de passe.

Se ele nivelar com o Javi nos aspectos que mencionou, e tendo já uma boa mobilidade (acho que ganha ao Javi em sprint), uma técnica de pés assinalável, e 1,94 metros de altura (fundamental), parece-me ter todo o potencial de se tornar num dos melhores trincos da europa.

Phant,

Belíssimo artigo! Tens de nos ensinar como fazes esses filmes... ;)

Já agora, se é verdade que o Matic é um dos elementos fundamentais na tal estratégia de compensações defensivas, sendo ele o elemento que deve perfazer o quarteto defensivo sempre este se desfaz, também o quarteto de meio-campo não deverá ser desfeito.

Eu acho que actualmente, nós até conseguimos recuperar a bola. O problema é que logo de seguida perdemos invariavelmente a bola e passamos muito tempo de jogo nessa dualidade de acções.

Tal penso dever-se ao facto de no momento de construção, momento imediatamente a seguir à recuperação de bola, o quarteto de meio-campo estar desfeito, sobretudo no centro do terreno.

Acho que o posicionamento dos nossos avançados acaba por não ajudar muito nessa fase, muito embora haja muita preocupação do Lima.

Por outras palavras, acho que os nossos avançados ficam demasiado na "mama" em muitas situações e isso não ajuda uma construção de jogo em posse.

Acho que seria interessante analisar esse sector... talvez para um próximo artigo... quem sabe? ;)

Ah!

E sobre o Matic... não me está a surpreender nem um pouco... é um jogador único no futebol.

Se eu fosse o técnico encarnado, talvez um dia experimentasse-o a central, sendo na prática um falso central tal o seu envolvimento no meio-campo e na fase de construção de jogo. Escrevo isto, porque sou fan de um Benfica completamente superior a qualquer equipa, praticando um futebol em posse como o que o Barcelona pratica.

Acho que assim ganharíamos um central com óptimos pés, capaz de subir no terreno e provocar o desequilíbrio ofensivo necessário na construção de jogo.

Excelente post!

Também acho que ele ainda vai melhorar. O jogo de cabeça dele é sobretudo mau no plano ofensivo. Tenho a ideia que no plano defensivo até tem cumprido.

Tem uma disponibilidade física que o Javi nunca terá. Não é por acaso que tem sido quase sempre o jogador que mais km percorre por jogo. Neste aspecto também fiquei surpreendido pelos 12 km percorridos pelo André Gomes. Mas como são dois jogadores altos parecem que correm menos e são mais lentos. Os factos desmentem claramente este mito. É por isso que o Jesus diz que o Jardel é dos centrais mais rápidos e a maioria dos adeptos não tem essa noção. Mas os testes que são feitos nos treinos não são passiveis de adulteração.

Matic foi dos melhores contra o Barcelona, porque esteve sempre sereno e sob pressão dos adversários perdeu poucas bolas sem despachar a mesma. E já tinha sido um portento o ano passado contra o Chelsea.

No entanto, o Matic precisa de facto as vezes ser mais agressivo mas também mais contido porque se é o número 6, as vezes não pode jogar bonito ;)

Obrigado pelos comentários.

Koimbra: também sou da opinião que o Matic dá muito mais que o Javi na saída de bola e não será por acaso que temos visto cada vez menos o pivot a baixar para o meio dos centrais. Talvez o Jesus não sinta tanta necessidade de "proteger" o Matic.

PP: o primeiro lance do vídeo é interessante porque, embora eu não o tenha apontado, dá para reparar que o André Gomes baixa para a zona do pivot e o Lima para a zona do segundo médio.

Mas muitas vez também vejo o Benfica muito vertical e a querer fazer tudo muito depressa e esta falta de paciência - e às vezes qualidade - a circular a bola limita bastante a equipa (principalmente na Champions).

Excelente post feito por alguém que sabe de futebol e que não se limita apenas a atirar ideias e a fazer críticas.

Concordo totalmente e faço minhas as palavras do Koimbra.

Excelente, falta somente a compensação do segundo ponta de lança e a dos extremos, ser feita com mais rigor e nasaída para os ataques um dos extremos tem de baixar e vir mais para o meio para dar espaço tanto para o segundo avançado descair para ala como dar espaço ao lateral para subir para ser perfeito porque muitas das vezes o meio está descompensado e os extremos aos tropelões.

Mal saíu o Javi, comentei em alguns blogues que com o Matic não ficaríamos nada a perder e antes pelo contrário talvez ficássemos a ganhar, mas tinhamos de dar tempo ao rapaz. Deixá-lo fazer 5 ou 6 jogos seguidos para ele se adaptar e ganhar confiança nele próprio e ver que também confiavam nele.
Fico satisfeito por ver neste bom post que há mais alguém a pensar como eu.

Phant,

Parabéns. Principalmente pela paciência em colocar isto tudo no «papel». A discutir e pensar futebol podemos achar isto tudo, mas uma coisa é falar e pensar, outra é esquematizar e colocar no papel. Parabéns por um trabalho, tanto em termos de forma como principalmente de conteudo.

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